Queres que o teu filho vá para a guerra da Ucrânia? Queres que a tua filha morra a defender Kiev? E tu? Estás disposto a dar a tua vida sob a batuta de Zelensky? Eu não quero que os meus filhos vão rebentar as entranhas em guerra alguma, mas muito menos nas guerras dos outros. Se alguém entrar por aqui dentro, serei a primeira a levantar-me. Mas cuspir os putos para os açougues dos EUA e para os matadouros de terceiros, não obrigada.
Mas é neste vórtex de loucura, nesta espiral bélica que a Europa se encontra, incapaz de pronunciar a palavra paz, incapaz de qualquer diplomacia, negociação ou diálogo. É por isso que tanto se fala de um Exército Europeu e se vai impondo a agenda do Serviço militar obrigatório. SMO. Mas faz algum sentido que a juventude portuguesa seja sujeita a este treino para servir forças e missões estrangeiras?
Eis um forte sinal da interdependência entre o tipo de instituição militar dominante e o respetivo modelo de sociedade . Ou seja, um expressivo sintoma deste globalismo onde tudo se decide em instâncias supra nacionais não eleitas, subjugando os povos aos seus desvarios. Onde está a democracia?!
SMO. E para quê?! Anos e anos a lutar contra uma mentalidade bélica, décadas de uma prometida Europa da Paz, e agora isto ?!
Nostalgias à parte, em primeiro lugar, se há défice de efetivos nas Forças Armadas, a prioridade deve ser a valorização das carreiras militares. Soldados à força serão sequer soldados? Bons soldados? Depois, o SMO não fabricará patriotas. Isso é outro mito. Amar ou não o país, além de facultativo (ou não?!), é uma emoção complexa que depende mais de muitas outras variáveis (sentimento de pertença, de justiça e da coesão social) do que propriamente de ter ido à tropa. Cidadania também não passa pelo Serviço Militar Obrigatório. Cidadania é, acima de tudo, pensamento crítico, algo que depende mais do ensino da filosofia do que de outra qualquer disciplina. E o desporto? Bom, ele é bem necessário, realmente. Somos o país mais sedentário da Europa e no qual a maioria da população nunca pratica qualquer modalidade desportiva. Mas o gosto pela atividade física desenvolve-se na infância. Por esta altura, fomenta-se sobretudo largando os ecrãs, as tardo-xuxas dos nossos putos. Não é passar todo o desenvolvimento sem correr, saltar, rasgar joelhos, ligados à máquina e em vida artificial para depois, aos 18, atira-los para o SMO que funcionará.
Ademais , atente-se nos custos brutais de tal empreendimento. Tirar um ano ou dois num período chave de vida, meios de formação, equipamentos, instalações, tudo isso tem uma pesada fatura social e económica.
Mas é isto que queremos? Uma economia de guerra com enormes dotações orçamentais para armamento e exércitos?! Mais pobreza e mais fome? Reforçar o complexo industrial estado unidense? Mais subserviência aos interesses dos outros?
Já que tanto querem impor a fantasia persecutória de que a Rússia está prestes a engolir Europa ocidental,os políticos (que precisam de açaime) e os seus filhos que peguem em armas e se ponham a caminho. Eu prefiro a paz por isso luto contra a guerra. E tu? Preferes a carnificina ?
atomadadeposse@gmail.com