1. O problema deste PS de Sócrates, Costa e derradeiramente de PNS não é de correção de estratégia ou de tática, mas o que se tornou um modo de ser. O que era cultura passou a ser natureza. E com a radicalização de PNS, genética.
2. Com estas eleições, este PS secará. E abrir-se-á espaço para o Partido que Mário Soares e os democratas de esquerda que com ele estiveram teriam desenhado não fora a guerrilha antidemocrática comunista e esquerdista permanente: um ‘SPD’ identificado com os parceiros da internacional socialista, da social democracia e do ‘socialismo’ nórdicos, dos companheiros europeus, como Willy Brandt e Olaf Palm, designadamente.
Deste PS atual, os ‘dois terços’ esquerdistas acoitados nele talvez emigrem para o seu lugar natural, se entretanto o BE em ameaça de extinção não se pulverizar.
Quanto ao PSD, o seu destino útil é ser mesmo centro e centro direita, com restos do CDS e dividindo alguns dos seus militantes e eleitores atuais com o Chega e com um PS social liberal soarista, como aconteceria, por exemplo, com Sérgio Sousa Pinto.
Chega que pode ser finalmente a Direita, assumida, como nunca pudera haver no nosso regime político e era um défice da Democracia. Repare-se que o CDS precisou do amparo de Mário Soares, tendo de se dizer Centro (Democrático Social) para existir.
Na verdade, nem a Mário Soares e à sua esquerda social liberal a reação comunista e esquerdista quiseram tolerar. Tal como não quiseram muitos dos que se foram acoitando no PS, usurpando-o. A vontade de apagar a memória do seu génio e da sua ação, o seu exemplo de liberdade e tolerância, é Inqualificável.
O ‘jogo de rins’ que Soares teve de ir fazendo, a lucidez de perceber naquele período no que tinha de recuar, a intuição genial, a coragem, a alegria no combate político e de viver, a elegância e o charme que o caracterizavam, o seu prestígio e influência internacionais fazem dele, porventura com D. João II, um dos homens de Estado maiores de Portugal. Príncipes quase perfeitos.