EL JADIDA – Enquanto vagueamos pela ruelas estreitas da velha cidadela portuguesa, ouvimos gritos de um lado e do outro, lojistas de bricabraque e daquilo que chamamos com propriedade marroquinaria. «Ei, bô tarde! Vem cá coach! Vem ver os tapetes, habibi!». Continuamos a conversa que começou cedo, de manhã, quando o Jorge me levou a espreitar os arredores ricos da velha Mazagão, os hotéis de luxo, os campos de golfe, e os vários campos de futebol que dispõe para treinar o seu Difaâ, clube que luta com todas as forças para regressar à I_Divisão, aquela que é na realidade a que se coaduna com a sua história. Poucos turistas nos arredores, o que atrai ainda mais sobre Jorge Paixão as atenções gerais: «Bonne chance, coach! On y va!». Passamos à porta da antiga cisterna portuguesa, um dos ex-líbris da cidade, saímos pelas portas ovais do forte, e reparamos na multidão que vai crescendo à medida que a noite se aproxima, agora que é tempo de Ramadão e os dias são passados num sossego religioso. Uma brisa sopra do mar. Grupos de garotos juntam-se na praia e preparam-se para jogos de futebol de areia. É por causa do Ramadão que o Jorge só marcou o treino para as dez da noite: «Temos de nos habituar a isso. Acho que este já é o meu sexto Ramadão». Não admira. Ainda na época passada estava no Al Yarmouk, do Koweit. Dois anos antes, no Rayon Sports, do Ruanda. Ora tubérculos! Que treinador português passou pelo Ruanda? O Jorge e não outro: esta vida de saltimbanco parece estar-lhe arreigada no sangue. Ele que passou a sua vida de jogador à beira do lugar onde nasceu, Almada, e se distribuiu pelo Amora, pelo Atlético da Malveira, pelas camadas jovens do Benfica, com uma curta saltada a Coimbra para vestir a camisola da Académica e depois do União. É por aí que começo.
A tua vida de jogador foi, por assim dizer, toda feita à porta de casa, não foi? Sim. Joguei no Almada, fui para o Amora, tive uma passagem pelo Benfica e regressei ao Amora para jogar ainda como júnior, houve aquela altura em que vou para Coimbra…
Com intenção de estudar? A intenção foi profissional. É verdade que tentei estudar, também, ainda fiz algumas disciplinas, mas apareceu o_Louletano, e ficou tudo para trás.
Coimbra com Académica e União. É verdade. Tinha o que parecia um futuro interessante no futebol. Passei pelas seleções jovens, fui ao Campeonato do Mundo da Rússia, numa equipa que tinha o Futre e outros que agora são treinadores… Como hei de explicar isto? Ao contrário do que aconteceu como treinador, como jogador atingi o topo rapidamente, mas por uma outra razão as coisas não funcionaram como eu queria, mas confesso que ter estagnado durante um tempo no Amora teve que ver com alguma desilusão que apareceu entretanto…
Olhas para trás e como te vês, agora, como treinador? Se tivesse sido treinador antes de ser jogador, tinha sido um grande jogador!
Isso é giro… Mas é a forma melhor que tenho para me explicar. Faltou-me um bocado de rigor, ambição. Se tivesse… teria tido uma carreira de jogador muito boa.
Fez-te falta ter um treinador tipo Jorge Paixão? Fez. Porque nunca tive nenhum treinador que me chamasse à razão. Dou este exemplo com o que faço com os meus jogadores: quando preciso de ser duro, não tenho dúvidas e digo-lhes – «Amigo, esquece. Por esse caminho nunca vais ser jogador. Arranja outra profissão». Já disse isto a vários e mais do que uma vez. Nunca tive nenhum treinador que me dissesse isso.
A_INFLUÊNCIA_
DE_JESUS
Sentes alguma mágoa por não teres ido mais longe como jogador? Não. Faz parte da vida. O meu sonho foi ter sido jogador e fui jogador. O meu sonho foi ter sido um jogador de alto nível mas não consegui. Não me posso queixar: a culpa foi minha. Sempre tive uma vida boa, os meus pais proporcionaram-me tudo, portanto também não vou por esse caminho. O Jorge Jesus uma vez disse-me: «Se precisasses do futebol terias tido uma carreira diferente». Não estou nada de acordo. Não teve nada que ver com isso. Teve que ver com a minha atitude. Não cumpri.
Mas quando passas a treinador já levas esse ensinamento contigo. E por isso é que nunca tive uma boa relação com o Jesus treinador. Era horrível. Houve sempre conflitos. Deu-me a braçadeira de capitão, tirou-ma, de titularíssimo mandou-me para o banco, fez-me uma coisa que ninguém tinha feito e mandou-me seis semanas para casa. Nunca deixara de ser convocado e, de repente, estava à frente da televisão a ver o Buéréré com o meu filho mais novo. Hoje tenho uma boa relação com ele como pessoa, se estiver aqui a almoçar com ele é porreiríssimo, mas quando entras no gabinete dele é alguém completamente diferente. Mas preciso de dizer que, depois de ter tido grandes treinadores, foi por causa dele que quis ser treinador. Mostrou-me coisas diferentes.
Foi o que te influenciou mais? Foi. Mais táctico… em termos de exercícios fiz coisas com ele que nunca tinha feito com ninguém. Eu percebia facilmente as coisas._Tanto assim que ele usava-me como exemplo para apresentar os novos exercícios aos outros. Olha, quando comecei a trabalhar com ele nunca tinha feito uma posse de bola com objetivo. Só posse por posse. Com ele evoluí muito nesses aspetos.
A tua passagem de jogador para treinador é muito natural… Sim. Deixo de jogar e ainda faço dois anos no Malveira como amador, experiência da qual gostei muito, e é também a única fase da minha vida em que, de repente, me vi fora do futebol. O meu pai era diretor da Peugeot e então passo por uma situação de vendedor. Fase muito boa!
Porque o futebol simplesmente não chega? Importante nesse aspeto, porque podemos ver-nos obrigados a viver fora do futebol, mas também porque tínhamos um grupo, alguns mais experientes, ainda hoje bons amigos, mas que era um grupo que tinha muitas semelhanças com a vida dentro de uma equipa de futebol: a ambição. o egoísmo… Num balneário é assim: são todos amigos mas só de conversa. Não vamos esconder as coisas: ninguém está no banco a desejar que corra tudo pelo melhor ao tipo que ocupa o lugar dele. Muitas vezes está é a rezar para que ele se aleije para poder entrar. A realidade é esta! Não defendo isso, mas aceito-o. Nos automóveis aprendi isso também. Se tinha um carro para vender, havia na certa alguém que ia tentar vendê-lo no momento em que me distraísse. Engraçado que coincidi nessa empresa com o_Carraça, de quem sou amigo. O Pedro Xavier, que é uma joia… Chegámos a ser seis ou sete que tinham sido jogadores de futebol. Olha, o Justino… O_Jerónimo…
Falas de dois que são gente boa? E o Justino, guarda-redes no meu Recreio de Águeda. Esse mesmo. Adorei esse tempo. Depois começo a fazer os cursos de treinador, fui fazer um estágio aos Estados Unidos no_Dallas Burn, estive lá quinze dias, vi uma vertente do jogo diferente. Muito robotizada. Depois tenho uma experiência gira a trabalhar com os miúdos do Malveira…
Algo marcante porque sempre gostaste de trabalhar com jovens. E gostas de te dedicar aos jovens que tens tido nas tuas equipas. Por todos os clubes que tenho passado, sobretudo no estrangeiro, tenho deixado marca nesse aspeto. Tenho neste momento um documento em mãos, que tenho vindo a aperfeiçoar, que se debruça sobre o tema, e deixarei cá ficar quando me for embora. Deixo sempre todos esses estudos nos clubes de onde saio para que o trabalho passa ser aproveitado, se eles o entenderem. Agora, se há algo que me motiva na carreira, é ver potencial em jovens e tirar proveito desse potencial. Tenho a mágoa que as pessoas só olhem para a carreira de um treinador pelos resultados. Claro que os resultados são o mais importante, mas não é isso que mostra na verdade o nosso trabalho. Eu não valorizo um treinador como grande só porque ganha mais títulos. E os treinadores que desenvolveram os jogadores que possibilitaram aos outros ganhar títulos?
Mas se eu te perguntar qual é o melhor treinador do mundo? Não vou dar nomes. O melhor treinador do mundo é o que atinge a plenitude do seu trabalho. E que consegue objetivos. Não o que ganha títulos. Porque é esta a realidade: se o treinador do Benfica for campeão atinge o seu objetivo; se o treinador do Gil Vicente salvar a equipa de descer de divisão também atinge o seu objetivo.
NO_EXÓTICO_
RUANDA
Olha lá, como é que um treinador português vai parar ao_Ruanda? Cheguei através daquele método de que te falei há bocado e é muito próprio das seleções africanas. Quando o cargo de selecionador fica vago, eles recebem os currículos de diversos treinadores, fazem entrevistas e escolhem. Acabei por não ficar na seleção mas apareceu-me o maior clube do país, o Rayon Sports, e foi fantástico. Porque gosto muito de África e porque Kigali encantou-me pelo povo, pela natureza, pelas boas energias que os ruandeses transmitem, pelo exemplo de limpeza e segurança… E também pelo trabalho social que se abriu à minha frente.
Outra passagem curiosa: a do Pontassolense para o Caláa de Angola. Pois. Foi inesperada. Um dia liga-me o Carlos Janela: «Jorge, quer ir para Angola?». Um clube acabado de subir à I Liga, o dono era um dos homens mais ricos de Angola, o Mosquito… Vieram entrevistar cinco treinadores a Portugal. Lembrei-me de lhe preparar um dossier, sempre fui uma pessoa de documentos, gosto muito de registar tudo o que me parece importante, escrevo um diário com pequenos apontamentos sobre o trabalho do dia a dia, apresentei-me para a reunião, no Sheraton, explicaram-me o projeto e eu entreguei-lhes o documento. O responsável ficou encantado. Olhou para as trinta páginas que lhe pus nas mãos e comentou: «Já entrevistei três treinadores e nem um papel me trouxeram». Acabaram por não falar com mais ninguém e escolheram-me dois dias depois. E assim fui, com o país ainda muito marcado pela guerra…
Caála fica no centro, na zona de Huambo, a antiga Nova Lisboa… Foi o sítio onde tive as piores condições de vida em todos por onde passei. Entrava em casa e não havia luz, íamos à casa de banho e não havia água. Às vezes estávamos a preparar os treinos, á noite, e o gerador ia abaixo e ficávamos às escuras. Era uma luta terrível. Ainda por cima começaram a atrasar os pagamentos, os jogadores descontentes, enfim, conseguimos não descer, que era o objetivo, mas foi um sofrimento do camandro, como se costuma dizer em calão. Seja como for, da minha equipa foram chamados seis jogadores à seleção e ainda vendemos dois para o_Petro de Luanda. E o problema da corrupção é muito profundo. Olha, uma vez estava a jogar contra a equipa do_Inácio, estávamos a perder e eu irritado, de um lado para o outro fora do banco, até que o quarto árbitro se dirigiu a mim e disse: «Coach! Não vale a pena. Esquece isso. Eles pagaram cem mil». Cem mil dólares. Já foste! Olhei para o vice-presidente que estava ao meu lado e só o vi encolher os ombros.
Lembro-me que, a certa altura das nossas conversas, deparaste-te com o problema de racismo dentro da mesma raça… Ouve, o pior racismo que alguma vez vi foi entre gente da mesma raça. E em muitas situações!
Vamos deixar o Sudão fora das contas, não? Estamos na tua terceira experiência em África… Sim, o Sudão foi uma meia experiência. Vivi lá muita coisa, afinal ainda passei lá dois meses, mas aquilo não podia dar em nada. Estava instalado num apartamento fantástico, mas descia e não havia rua, era um caminho de terra batida cheio de buracos. Organização inexistente. Não dava mesmo.
Voltemos ao Ruanda. Aí sim, um lugar exótico… Mas futebol fraco, imagino. Olha que não. Eu adoro o futebol africano e o jogador africano. Em Angola assisti a coisas fantásticas – o jogador corria pela linha, eu ficava à espera do centro, e ele parava e o público gritava «OOOOH!» Para um treinador é difícil, mas era isso que o povo queria ver. Mas no Ruanda vi evoluir muitos jogadores, também metemos quatro jogadores na seleção nacional, o que foi muito bom, disputei a meia-final da Taça e perdi porque um dos meus jogadores vendeu-se – no dia seguinte fugiu para os Estados Unidos… O pior é que toda a gente já sabia menos eu. Até o presidente do clube. Só falou disso no fim do jogo para me dizer: «Coach, this is Africa…». Há coisas aqui que não se conseguem mudar nem em muitos anos. Mas o Ruanda serviu-me para desfrutar do futebol e do país. Vontade e potencial dos jogadores e boa qualidade de vida. Em termos de natureza o Ruanda é único. De uma beleza estonteante. De cada vez que nos metíamos no autocarro para ir jogar a um lado qualquer eu ia à janela boquiaberto com as beleza das paisagens. Quero lá voltar, isso quero, até porque apoio uma academia, e há jogadores que merecem a possibilidade de saírem para um futebol mais evoluído.
Continuemos a viajar pelo mundo na tua peugada e vamos até à China. Uma fase completamente diferente porque não vais para o Shenzhen como treinador principal. Foste tomar conta dos sub-23. Explica lá a coisa. E já fora treinador principal do Braga por exemplo…
Então foi uma questão de dinheiro? Não posso ser hipócrita. Foi um grande contrato que me puseram à frente. O contrato da minha vida. Mas também sempre gostei de trabalhar com jogadores mais jovens. Tenho esta veia de querer seguir a sua evolução. Naquela altura os sub-23 tinham muita importância para o futebol chinês porque as equipas eram obrigadas a jogar com três deles – e por isso é que me pagaram o que me pagaram. Tive a sorte de apanhar o Lopez Caro na equipa principal do Shenzhen, um homem espetacular com o qual criei empatia e amizade. Por isso, aceitei graças ao dinheiro, não vou recusar isso, mas também senti que poderia ser bom para mim em termos de futuro. E adorei viver na China. Estive num condomínio de luxo que só visto, numa cidade com tudo do bom e do melhor, com condições profissionais impressionantes. Os chineses são um povo encantador, de simpatia, na forma de receber os estrangeiros.
Vieste embora por causa da Pandemia, não foi? Exato! E mesmo a tempo. Dois dias mais tarde e tinha ficado lá fechado sem poder sair. Valeu-me que já sabia o que aí vinha. Já havia o hábito de se medir a febre com frequência e de se usar máscara em todos os lugares públicos. Um dia vou a Hong Kong e ouvi a notícia de uma peste que estaria a assolar a China. Mas a imprensa chinesa abafava o assunto. Questionei o meu tradutor, ele confessou que, de facto, estávamos à beira de um problema grave, e decidi sair. Nem me despedi de ninguém. Entretanto já alteraram de tal forma os calendários do futebol chinês que já nem campeonatos sub-23 existem.
FALANDO DO
FUTEBOL PORTUGUÊS
Tens deitado muito o futebol português para trás das costas, não é? O futebol português tem muita palavra. Porque é que não se fala de forma mais simples em relação a coisas simples?, eis algo que não entendo. E toda a gente opina sobre futebol, mesmo gente que não percebe patavina sobre futebol.
Mas não queres trabalhar em Portugal, ou queres? Escuta, eu nunca fecho a porta a nada. Já me aconteceu dizer que não queria, mas agora, com as ideias bem postas no lugar, assumo que não se podem fechar portas. Estou num momento da minha carreira que vivo o dia a dia. Tenho ambição. Se me perguntares se quero trabalhar ao mais alto nível, claro que quero! É para isso que me esforço diariamente. Mas também nunca tive uma vida ligada a empresários, até fui sempre contra ter uma empresa de comunicação a orientar as minhas opções perante a imprensa, mas deixei-me levar um pouco pela necessidade de não me dispersar tanto por tantas coisas diferentes. Percebo que é muito importante hoje saber dominar as redes sociais e eu utilizo muito essas ferramentas para a faceta de cooperação da minha carreira. O futebol mudou muito, usa novas tecnologias, mas nunca me mantive alheio a isso. Estou sempre a tentar aprender, sempre a tentar manter-me atualizado, sempre a querer saber como posso melhorar nesses aspetos. Trabalho com gente jovem acabada de sair da faculdade, que sabem muito sobre esse universo das novas tecnologias, mas digo-te com toda a convicção: tudo o que eles sabem fazer eu sei fazer.
Estás melhor do que eu que sou quase infoexcluído, se não é que o sou completamente… Aproveitei a fase da Pandemia para progredir nesse campo. Para me afirmar. Porque preciso de ter uma carreira que englobe conhecimentos variados. Não quero que digam de mim: «Ah, o homem teve uma carreira muito boa mas não percebe nada disto ou daquilo». Adaptei-me. É a realidade e eu quero estar sempre pronto. E pronto para qualquer projeto que surja. Hoje é este, aqui em Marrocos, numa conjetura difícil, como tiveste oportunidade de perceber, mas preparado para o que vier a seguir. Se queres que diga que estou aqui a trabalhar para amanhã regressar a Portugal, não digo. Porque é mesmo não. Trabalho aqui e dedico-me todos os dias ao que estou a fazer.
Tens mais um ano de contrato. Sim. Até ao fim desta época e toda a época seguinte.
E estás contente? Sim… Tenho qualidade de vida, como vês, a cidade é porreira, calma…
Mas exigiram-te subir de divisão. Nesse aspeto a exigência é, na verdade, grande._Mas acredito que vamos chegar lá. Isso não me faz deixar de estar contente. Contente também porque, de todos os sítios onde trabalhei no estrangeiro, este é o que fica mais perto de Portugal. O único em que consigo lá chegar de carro…
E numa cidade que foi um grande baluarte da História de Portugal. Exatamente. Confesso que, antes de chegar, não tinha ideia que a proximidade era tão grande em termos históricos. Depois, ao conhecer Jadida, fiquei mais consciente da importância que este lugar teve na História e, sobretudo através das pessoas, de saber que há nelas uma simpatia especial por nós, sinal que as desavenças de séculos foram esquecidas.
Como olhas para o teu futuro? O meu futuro é ser feliz. Tenho a grande felicidade de fazer aquilo de que gosto, a minha paixão desde criança. Tenho o privilégio de acordar todos os dias e saber que vou lidar com uma bola. Nasci praticamente com uma bola nas mãos, comecei a andar tropeçando numa bola, aprendi a ler no antigo jornal A Bola, que era grande e eu deitava-me no chão a tentar pegar letras umas nas outras. Não há nada melhor do que podermos fazer aquilo que verdadeiramente nos dá prazer. Costumo dizer que o treinador principal é um homem só: quando ganhamos, toda a gente ganha, até o rafeiro que faz chichi à porta do estádio. Quando perdemos, todos fogem de nós. Até o cão. Temos de estar preparados para isso. Portanto, é aproveitar e ser feliz.
Mas tens a felicidade de ter um bom mercado externo. Graças a Deus. Tenho mantido relações próximas com quem conhece o meu trabalho. e nunca ninguém me levou para lado nenhum sem ter, primeiro, a possibilidade de conhecer o meu trabalho. Nos países árabes, em África, no sudoeste asiático. Sabem que sou sério, exigente, competente, não porque eu lhes digo, porque veem, observam, e porque os jogadores e dirigentes são testemunhas disso.
Pensas trabalhar até quando? Olha, até quando puder. Ainda por cima porque a realidade da minha carreira me tem levado a ver o mundo. Ou seja, trabalho no que gosto, viajo muito que é algo que adoro, e tenho todas as razões para me manter no ativo durante bastante tempo. E sobretudo quero ser feliz.
Que o sejas porque mereces. O sentimento é mútuo.