Quem tem medo da liberdade?

Mas que sentido faz a liberdade de expressão se não for para tolerar e até considerar o que pensa diferente de nós?!

Em Bruxelas, a polícia encerrou – a mando do presidente da câmara – um encontro político. E no momento em que o ex líder britânico Nigel Farage estava em palco. Tratava-se de uma reunião que contava com um governante europeu, um candidato presidencial, vários deputados e intelectuais. O documento da polícia reporta que «os discursos dos palestrantes incluindo Nigel Farage e Suella Braverman poderiam levar a desordem pública».

Poderiam. Aliás, depois da censura começar por cortar a eito, agora alargou-se ao domínio das possibilidades, tal como a desinformação agora também inclui a ‘malinformation’– dados verdadeiros mas que podem (podem) ofender suscetibilidades. Por exemplo, não se pode afirmar que existem dois sexos apenas – XX e XY – porque embora seja um facto biológico pode ferir sensibilidades.

Além disso, alegar uma putativa manifestação carece de qualquer lógica – se esse motivo fosse real, controlava-se antes o dito protesto e não se atacava a conferência. Esta acabou mesmo por ser alvo de um autêntico cerco, em que ninguém entrava nem saía, não passavam bebidas e alimentos, mas chegavam ameaças ao proprietário da sala sobre a sua licença de utilização futura.

Qualquer democrata, de esquerda ou direita, norte ou sul, liberal ou socialista, em qualquer tonalidade do espetro político, tem que condenar este totalitarismo em curso. Só que não. Resta-nos um punhado de gente madura. Grassa na Europa – outrora terra do Iluminismo – censura a galope, silenciamentos, cancelamentos. Aliás, este triste acontecimento belga foi apenas um dos graves desta semana.

Mas que sentido faz a liberdade de expressão se não for para tolerar e até considerar o que pensa diferente de nós?! E o que se passa com esta geração de políticos, tantos deles nados e criados no ‘é proibido proibir’?!

Não foi esta pulsão censória que combatemos, quer no Nazismo quer no Comunismo? Onde mora a liberdade de associação? E não será que a verve proibicionista não causa maior polarização social, ameaçando a coesão e a paz?

Pior ainda talvez seja o verdadeiro motivo pelo qual impediram a reunião política. Nela estava inscrita a luta contra este globalismo perverso, aquele que pretende impor uma identidade digital para tudo ‘vigiar e punir’, a par de créditos de carbono para esmagar qualquer emancipação e o euro digital para garantir todo ou qualquer registo de movimento e dar o pontapé na boca final nas nossas liberdades. O chapéu que cobre tudo isto é o Digital Service Act, um autêntico ministério da verdade orwelliano e que passará a pente fino tudo o que se pode ou não dizer, renovando a ditadura dos factos e matando a democracia da pluralidade, diferença, diversidade. Mas como já se considera a tal ‘malinformation’, em breve não será apenas o que se diz mas até o que se pensa, tipo Relatório Minoritário.

Claro que estes monstros são vendidos como maravilhas contemporâneas, progressistas e cosmopolitas, tudo para o nosso bem, para nos defender dos extremismos, do terrorismo, do fim do planeta, de novos vírus e a maioria, aterrorizada, de pensamento preguiçoso, e medo de não pertencer, engole tudo e até aplaude. É a escravidão voluntária como jamais aconteceu na história da humanidade. Bem-vindos à guerra civil.

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