A famosa onda de Snapper Rocks, na Gold Coast australiana, é o palco de abertura do Challenger Series (CS), organizado pela World Surf League (WSL), competição que tem seis etapas e passa por Ribeira D’Ilhas, na Ericeira, entre 29 de setembro e 6 de outubro. Em termos de importância, o Challenger Series está entre o Championship Tour (equivalente à primeira divisão do surf mundial) e o Qualifying Series (a terceira divisão). Tem início logo após a quinta etapa do circuito mundial para poder receber os 12 surfistas eliminados a meio da época no temível cut, uma regra da WSL muito criticada pelos surfistas, que consideram não fazer sentido eliminar atletas a meio de uma competição, já que ninguém se prepara para fazer meia época.
O Challenger Series junta surfistas que vieram do circuito mundial, caso de Frederico Morais, bem como aqueles que se apuraram através do Qualifying Series, como aconteceu com Guilherme Ribeiro, Teresa Bonvalot e Yolanda Hopkins, além de convidados especiais da WSL, caso de Francisca Veselko.
Os surfistas presentes no Challenger Series têm como principal objetivo conquistar pontos para, no final de época, ficarem entre os dez primeiros na competição masculina e entre as cinco melhores na prova feminina e integrarem o Championship Tour em 2025. Tarefa nada fácil, mas possível como ficou demonstrado em 2023 com Frederico Morais. O facto de haver cinco surfistas a competir neste patamar mostra bem a evolução do surf nacional nos últimos anos, já não é só quantidade, há também gente a surfar muito bem, embora nem todos tenham saído satisfeitos da prova que está a decorrer na Austrália.
Na etapa de Bonsoy Gold Coast Pro participam 128 dos melhores surfistas (80 na categoria masculina e 48 na feminina) de diferente continentes. De Snapper Rocks, os surfistas partem para North Narrabeen, ainda na Austrália, onde começa a segunda etapa, entre 9 e 16 de maio. A terceira prova tem lugar em Ballito, na África do Sul, na primeira semana de julho. Em agosto, os atletas vão estar na Califórnia (EUA), para competir em Hungtinton Beach, e, no final desse mês, rumam a Portugal para se fazerem às fantásticas ondas de Ribeira D’Ilhas, e terminam a temporada no Rio de Janeiro, no Brasil, num dos spots mais espetaculares do mundo como é Saquarema, também conhecido pelo Maracanã do surf.
Entrada em falso
Os cinco surfistas nacionais já entraram nas águas quentes da praia de Snapper Rocks, só que os resultados ficaram aquém do esperado, apenas a bicampeã europeia, Yolanda Hopkins, se mantém em prova. Nos primeiros dias houve ondas longas e tubulares, com um metro de altura, que permitiram à surfista executar belas manobras. Com um surf poderoso e vistoso, Yolanda Hopkins ultrapassou duas rondas e vai disputar os oitavos de final com a canadiana Erin Brooks, atual nona classificada do CS. “Tenho passado muitas horas na água a tentar melhorar o meu surf para ficar mais consistente”, afirmou a surfista algarvia, que é uma das favoritas a vencer a prova.
Teresa Bonvalot está em excelente forma, ganhou as duas primeiras etapas em Portugal, mas em Snapper Rocks foi eliminada na segunda ronda por uma adversária bastante mais experiente. Este resultado não a impede de lutar pela entrada no circuito mundial no próximo ano.
Francisca Veselko, campeã mundial júnior em 2022, tem experiência de Challenger Series e foi a mais bem colocada no ranking o ano passado (12.ª). “Estou focada em melhorar a técnica nos tubos e aperfeiçoar as manobras de lip. Os meus objetivos são a qualificação para o Championship Tour», disse Veselko, que teve uma atuação fraca na sua bateria, foi quarta, e acabou eliminada.
Na competição masculina, Frederico Morais está a passar por uma fase menos boa da sua carreira. Foi eliminado do circuito mundial após cinco etapas, e na primeira prova do Challenger Series entrou em falso, voltou a não escolher bem as ondas e foi eliminado. Nada está perdido, mas se quiser voltar a fazer parte da elite mundial tem obrigatoriamente de ser mais competitivo nas cinco etapas que faltam disputar.
O estreante no CS Guilherme Ribeiro também foi eliminado numa primeira ronda de altíssimo nível. Na única bateria que disputou mostrou potencial e um surf rápido, e pode causar surpresa nas próximas etapas. “Entrar no Challenger era o meu objetivo principal. Vai ser um longo ano e há alguns lugares que não conheço, por isso estou ansioso para descobrir e ter a oportunidade de aprender com os melhores”, disse o surfista da Costa da Caparica.