A Ordem dos Enfermeiros (OE) analisou 650 queixas contra profissionais em 2023, mais 243 relativamente ao ano anterior. Desta análise resultaram 260 procedimentos disciplinares e a suspensão de oito enfermeiros.
Os dados da OE refletem uma subida do número de reclamações contra estes profissionais de saúde nos últimos três anos. O bastonário da Ordem, Luís Barreira, atribui o aumento à falta de enfermeiros que pode pôr em causa a qualidade e a segurança dos cuidados prestados.
Em 2021, a Ordem dos Enfermeiros apreciou 392 queixas, número que subiu para 407 no ano seguinte e para 650 em 2023, adiantam dados da OE revelados pela agência Lusa. Na sequência foram instaurados 242 procedimentos disciplinares em 2021, 246 em 2022 e 260 no ano passado.
Em 2021, a OE deliberou a suspensão de três profissionais de saúde, tendo no ano seguinte determinado uma suspensão e uma expulsão. Em 2023, foram suspensos oito enfermeiros.
O bastonário da OE afirmou que este aumento de reclamações “vem, no fundo, desde a degradação dos serviços, sobretudo, devido à falta de enfermeiros”.
Luís Barreira lembrou o último relatório tornado público pelo Ministério da Saúde que apontava uma escassez de 14.000 enfermeiros no Serviço Nacional de Saúde, uma situação que disse levar “ao incumprimento das dotações seguras e que põe em causa a qualidade e a segurança dos cuidados prestados”.
Segundo o bastonário, a esta situação acresce a carga horária, porque para colmatar a “escassez estrutural” que existe de enfermeiros, há um “recurso permanente” ao trabalho extraordinário, o que, afirmou, “além de ser ilegal, contribui, de facto, para o aumento do risco de erro e a própria insegurança nos cuidados”.
Barreira afirma que a situação se tem refletido no aumento das no número de escusas de responsabilidade que os enfermeiros têm enviado para a Ordem que já ultrapassa as dez mil.