O GPTA já permite produzir máquinas digitais que calculam, escrevem textos e desenham a partir de algoritmos. Podem aparecer brevemente óculos que, sendo apelidados de ‘inteligentes’, poderão ler, traduzir e legendar. E muitas outras coisas mais.
Mas, apesar de estas inovações serem relevantes, poderá existir alguma semelhança entre a capacidade conceptual destes sistemas digitais da Inteligência Artificial e a capacidade ao nível conceptual que o Homem e a Mulher possuem? Eu considero que não.
Ser capaz de Sonhar, de Sentir, de Pensar, de Refletir, de Imaginar, de Intuir, de Conceber e, necessariamente, de Viver pelo Respirar, é algo que os sistemas criados e a criar pela IA não serão jamais capazes de poder reproduzir.
O processo que corresponde ao nascimento de um feto humano é inigualável e esplendoroso.
Como foi possível criar um espaço apropriado, preenchido por matéria líquida, no interior do qual se desenvolve um feto humano durante nove meses, crescendo sem um modelo percetível a olho nu, até ao momento em que, ao sair do ventre da Mãe, começa a respirar sem que alguém o tenha ensinado a fazer?
Quando assisti ao nascimento dos meus quatro filhos, que fotografei, reconheci tratar-se de um dos acontecimentos mais espantosos que a criação do Homem e da Mulher permitiu desvendar e revelar, constituindo também o processo que suporta a sua própria preservação como espécie.
Ao descobrir a imagem viva desse meu primeiro filho saindo de sua Mãe, não fui capaz de suster algumas lágrimas que me escorreram pela face, interrogando-me: Como foi possível? Quem foi capaz de conceber uma tal forma de criar um ser vivo?
No âmbito do desenvolvimento da Inteligência Artificial, se vierem a ser produzidos ‘pais-máquinas’, e se estes puderem assistir aos partos dos seus ‘filhos-máquinas’, então concebidos pelas suas ‘mães-máquinas’, também conseguirão suster as lágrimas ao contemplarem o ‘filho-máquina’, acabado de nascer, como sucedeu comigo, ‘Pai Humano’?
As peças ou máquinas criadas através da Inteligência Artificial, que têm deslumbrado novos e menos novos, também irão ser capazes de usar o ‘seu pensamento’ (vá lá saber-se o que possa querer significar uma máquina que pensa !!!) para elaborarem reflexões críticas com uma visão prospetiva, a longo prazo, tal como os Homens e as Mulheres são capazes de fazer?
E importa perguntar: Estarão, tanto os que se apresentam como governantes, como todos os outros que o não são, interessados em se colocar na dependência de sistemas como os que se reportam à Inteligência chamada Artificial? Eu não.
Será que se pretendem colocar nessa dependência por não disporem das competências para poderem assumir, por si próprios – e com a necessária fundamentação – as decisões que conduzam à resolução dos problemas com que se confrontam no dia-a-dia?
Ao não exercitarem o cérebro, considerado aqui na sua função intelectual, deixam também de imaginar, de intuir, e desse modo de poder evoluir mentalmente.
Corresponde a rejeitar o que, de melhor, a natureza lhes ofereceu. Terá isto algum sentido?
Deixando-se arrastar pelo fascínio do que as novas ferramentas da Inteligência Artificial são capazes de lhes permitir fazer, também estarão dispostos a aceitar ser ligados a máquinas que os façam acordar e adormecer através de interruptores implantados nas suas cabeças, os quais poderão também ser ligados e desligados por um qualquer desconhecido, tal como eles próprios hoje ligam e desligam o seu telemóvel?
Nesse caso, e nessa qualidade, como poderão ‘olhar’ os Valores e Princípios que devem pautar as suas atitudes comportamentais no respeito pelo ‘outro’?
Arquiteto e urbanista