As expectativas para o penúltimo dia da Queima estavam altas e os irlandeses superaram as mesmas. Com uma plateia de 45 mil pessoas a aguardarem que subissem ao palco – e prontos para os acolherem, pela primeira vez, enquanto um quarteto oficialmente, como havia sido anunciado pelo vocalista em entrevista à LUZ -, começaram um set de 90 minutos com Superheroes, lançada como o primeiro single do seu quarto álbum de estúdio, intitulado de No Sound Without Silence, lançado em 2014. Divulgada pela primeira vez em julho de 2014, teve uma receção muito positiva. Alcançou sucesso comercial em vários países, incluindo o Reino Unido, onde chegou ao top 10 nas tabelas musicais. A música fala sobre perseverança, força interior e resiliência. A letra incentiva a ideia de que cada pessoa tem a capacidade de ser um “super-herói” na sua própria vida, enfrentando desafios e superando obstáculos. O videoclipe de Superheroes foi dirigido por Vaughan Arnell e filmado na Cidade do Cabo, na África do Sul. O vídeo apresenta pessoas comuns a realizarem atos de coragem e bondade, destacando a mensagem inspiradora da música, que já foi usada em conteúdos como programas televisivos e anúncios.
Seguiu-se Rain, lançada como o primeiro single do seu quinto álbum de estúdio, intitulado de Freedom Child, lançado em 2017. Apesar de muitos fãs terem estranhado a sonoridade e se terem questionado acerca do rumo que a banda estava a tomar, a música recebeu uma receção geralmente positiva. A letra aborda os desafios da vida e como enfrentamos as tempestades emocionais que surgem no nosso caminho, sendo que Danny O’Donoghue, Glen Power e Mark Sheehan levam a que acreditemos na ideia de encontrar força e esperança mesmo nos momentos mais sombrios e ensinam-nos como o amor pode ajudar-nos a superar esses obstáculos. Este tema teve um bom desempenho, sendo que alcançou o top 10 no Irish Singles Chart e no UK Singles Chart.
Mas a plateia queria mais… Talvez algo que os fizesse recuar até 2008. Assim, os The Script fizeram-lhes a vontade e tocaram The Man Who Can’t Be Moved. Foi lançada como o segundo single do álbum de estreia auto-intitulado de The Script, lançado em 2008. A música rapidamente tornou-se bem-sucedida, contribuindo para o sucesso comercial do álbum. A música narra a história de um homem que se recusa a seguir em frente após o fim de um relacionamento. Volta para o lugar onde costumava encontrar a sua amada, esperando que ela volte. A letra é emotiva e retrata a luta interna do protagonista entre a esperança e a resignação. Recebeu aclamação da crítica e alcançou o top 10 em várias tabelas musicais, incluindo a UK Singles Chart, Irish Singles Chart e Billboard Hot 100. O videoclipe da música apresenta a banda a tocar a música num cenário urbano, com cenas intercaladas da história do protagonista – representado por Danny – que regressa ao local onde costumava encontrar quem ama, sendo até entrevistado por uma jornalista.
Depois de momentos tão emotivos, demos um pulinho à Irlanda com Paint The Town Green. A música celebra a herança irlandesa da banda e faz referência à cultura e tradições do país. Através da letra, a banda leva-nos por um périplo sobre a energia e a vivacidade dos irlandeses, especialmente durante festividades e celebrações, encorajando a ideia de aproveitar a vida ao máximo e fazer memórias duradouras. Embora Paint The Town Green não tenha sido lançada como single, recebeu uma resposta positiva dos fãs e da crítica. Muitos apreciaram a energia contagiante da música e a maneira como ela captura o espírito festivo da cultura irlandesa.
E, após terem pintado o Porto de verde, chegou um dos momentos altos da noite: Danny pediu, como habitualmente, o telemóvel a um dos fãs para que ligasse ao/à seu/sua namorado/a – “Gabi” – e lhe cantasse Nothing juntamente com milhares de pessoas. Lançada como o single principal do álbum Science & Faith, em setembro de 2010, a música teve uma receção positiva dos fãs e críticos, alcançando sucesso comercial em várias paradas musicais ao redor do mundo. Abordando os altos e baixos de um relacionamento amoroso, a música expressa a ideia de que, mesmo quando tudo parece estar a desmoronar-se, o amor pode ser reconstruído e superar as adversidades. Constitui um tema que consolidou ainda mais a posição dos The Script como uma das bandas mais populares do cenário musical contemporâneo e, volvidos 14 anos, é cantada a plenos pulmões como se tivesse vindo a público há dias.
Na mesma onda romântica, foi a vez de tocarem The Last Time. Foi lançada como parte do álbum Sunsets & Full Moons, que é o sexto álbum de estúdio da banda, lançado em novembro de 2019. A letra fala sobre um relacionamento que chega ao fim e a sensação de despedida que acompanha esse momento. Aborda temas de saudade, arrependimento e aceitação. A música é emotiva e reflete sobre os momentos finais de um amor. Apresenta o estilo característico dos músicos irlandeses, com uma melodia cativante e letras emotivas. A voz distinta de Danny e os arranjos musicais da banda contribuem para criar uma atmosfera melancólica e reflexiva. Embora The Last Time não tenha sido lançada como single, recebeu elogios dos fãs e críticos pela sua profundidade emocional e pela habilidade da banda em transmitir sentimentos complexos por meio da música.
Com o mood certo, surgiu If You Could See Me Now, que foi lançada como parte do terceiro álbum de estúdio, #3, em setembro de 2012. O tema foi lançado como single em fevereiro de 2013, tendo sido escrita em homenagem aos pais dos membros da banda que faleceram. Profundamente emotiva e pessoal, explora as mortes dos pais de Mark e, então, do pai de Danny, e das saudades que sentem destes. Os vocais emotivos e a instrumentação suave combinam para criar uma música que é ao mesmo tempo tocante e edificante. No entanto, ganhou um novo significado após a morte inesperada de Mark e, portanto, sentiu-se a presença – sempre marcante – do guitarrista mesmo após o seu desaparecimento físico. A esta altura da noite, já se havia compreendido que Ben Sargeant e Ben Weaver não tinham quaisquer pretensões de substituir Mark: sabem que tal é impossível e, em vez disso, honraram o seu legado.
Lançada como o terceiro single do seu álbum de estreia, Before The Worst foi a música seguinte no alinhamento. Foi apresentada como single em março de 2009, após o sucesso dos singles anteriores We Cry e The Man Who Can’t Be Moved, sendo que a música foi bem recebida e ajudou a solidificar a posição da banda no mundo da música. Na letra encontramos uma reflexão sobre o término de um relacionamento e os sentimentos de tristeza e arrependimento que acompanham essa experiência. O mesmo acontece em Six Degrees Of Separation, o segundo single do álbum #3. Para além do fim de um relacionamento, os sentimentos de dor, confusão e desilusão que o acompanham estão igualmente em cima da mesa. A música explora como as pessoas tentam lidar com o fim de um amor e a dificuldade de seguir em frente. Apresenta o estilo característico dos The Script, com uma combinação de pop, rock e elementos eletrónicos.
Estávamos já a viver algo irreal quando se ouviram os primeiros acordes de Something Unreal. A letra é baseada na experiência pessoal de Danny. Ou seja, da forma como coisas como a utilização das redes sociais estavam a desviá-lo da vivência de algo diferente e importante como o amor, que pode ser um sentimento avassalador e surreal, constituindo uma experiência transcendental e transformadora. Sunsets & Full Moons, o álbum que inclui Something Unreal, teve um bom desempenho nas tabelas musicais em vários países. Embora não tenha sido lançada como single, recebeu elogios dos fãs e críticos pela sua qualidade musical e emotividade.
Com os fãs a ansiarem por mais, os irlandeses ofereceram-lhes outra grande performance de For The First Time, lançada em agosto de 2010 como o primeiro single do álbum Science & Faith. Abordando as dificuldades enfrentadas por muitas pessoas durante a recessão económica global de 2008, que afetou profundamente a Irlanda, a música fala sobre perder o emprego, enfrentar dificuldades financeiras e a luta que enfrentamos para nos adaptarmos a uma nova realidade. Apesar desses desafios, a música transmite uma mensagem de esperança e resiliência, incentivando as pessoas a unirem-se e encontrarem força umas nas outras. Especialmente, durante as adversidades. O videoclipe apresenta a banda numa performance emotiva da música, intercalada com cenas de pessoas enfrentando desafios económicos e sociais, sendo que complementa a mensagem da música e ajuda a transmitir a sua relevância.
Quase no final, os The Script brindaram-nos com No Good In Goodbye, o primeiro single de No Sound Without Silence. À semelhança de outras canções do grupo, aborda os desafios emocionais de terminar um relacionamento. O tema explora a dificuldade de dizer adeus a alguém que amamos, mesmo quando sabemos que é a coisa certa a fazer, transmitindo, assim, uma sensação de tristeza e resignação, enquanto também reconhece a importância de seguir em frente e encontrar a paz. Como não poderia deixar de ser, a penúltima música a ser tocada foi Breakeven, do primeiro álbum, cuja letra aborda os desafios emocionais de lidar com o fim de um relacionamento e a dor de ver um ex-parceiro/a seguir em frente enquanto ainda se está a sofrer. Com Breakeven, sabemos que não estamos sozinhos quando nos sentimos partidos/quebrados emocionalmente e percebemos o quão difícil é seguir em frente quando parece que o mundo ao nosso redor está bem. Principalmente, o de quem amamos.
Por fim, e depois de um início forte com Superheroes, os últimos minutos teriam de ser vividos ao som de Hall Of Fame, de #3. Constituiu uma colaboração com o rapper will.i.am, membro do grupo The Black Eyed Peas, e fala sobre superação, perseverança e alcançar sonhos. A música transmite uma mensagem de inspiração e incentiva os fãs a darem o melhor de si e a esforçarem-se para alcançar o sucesso, independentemente dos obstáculos que enfrentem. Apresenta uma combinação de pop, rock e elementos de hip-hop e é um dos maiores sucessos da banda.
Na próxima sexta-feira, os The Script lançarão o single Both Ways. Regressam a Portugal, a 3 de agosto, ao Mateus Fest, em Viseu.