A sorte que nos dão: aproveitemo-la

A indicação de Paulo Cunha, como segundo nome da lista da AD foi uma excelente e relevantíssima notícia.

Como é natural, os nomes dos cabeças de lista dos diversos partidos e coligações nas próximas eleições europeias preencheram páginas e horas de notícias nas últimas semanas. E é natural que assim seja.

Basta olharmos para as duas principais candidaturas: os nomes de Sebastião Bugalho e de Marta Temido, para além de representarem dois mundos quase sempre paralelos, são dois nomes que bem indiciam as reais motivações das candidaturas e de cada um dos projetos políticos.

Assim, para além das razões mais imediatas, que tornam interessante, do ponto de vista mediático, o momento da apresentação dos nomes, é também sabida e consabida a importância que estas eleições têm, porquanto se constituem como o momento democraticamente mais relevante na relação cidadãos/instituições europeias – é neste momento que os cidadãos têm poder de decisão sem intermediários, elegendo.

É sabida, também e mesmo que sintamos a necessidade de a relembrar, a importância que a União e as suas instituições têm nas nossas vidas.

Hoje, é dado como assente que, pelo menos, metade da legislação produzida em Portugal em áreas tão importantes como a economia, a agricultura ou o ambiente é condicionada (ou impulsionada, dependendo da perspetiva) por decisões europeias, pelo que facilmente se percebe a importância que devemos dar à escolha que vai ser colocada a cada europeu entre os dias 6 a 9 de junho.

Mas há mais: é conveniente percebermos quem são os outros candidatos, o que pensam e, no fundo, aquilo que hão de representar se forem eleitos. E, sobre este aspeto, deixo três notas.

Em primeiro lugar, não deixa de ser politicamente relevante a composição da lista socialista, principalmente quando percebemos que os três primeiros nomes que compõem o rol (Marta Temido, Francisco Assis e Ana Catarina Mendes) ainda há pouco mais de um mês tomaram posse como deputados na Assembleia da República.

Se é possível? Sim. Se é formalmente aceitável? Sim. Se é politicamente correto e devido? Não. Mais ainda quando Assis e Mendes assumiram a responsabilidade de serem cabeças de lista pelos círculos eleitorais de Porto e Setúbal, respetivamente; ou Marta Temido, que se apressou a não descartar uma candidatura a Lisboa daqui a uns meses, como se estivesse a percorrer uma saga de colecionismo de cargos políticos.

Depois, é também notório outro facto: a de que, como há muito não se via, as diversas candidaturas e os seus elementos representam polos bem opostos no campo das ideias sobre a dimensão e a qualidade da integração europeia e sobre o posicionamento internacional do país. E, sobre isto, é muito importante que as diversas candidaturas e os candidatos demonstrem à evidência ao que vêm, o que representam e para que lado nos vão levar. Principalmente, tendo em conta tudo aquilo que se passa na Europa e no Mundo. Até porque Putin está à espreita.

Por último, mas não menos importante, realço um aspeto que, a mim, pessoalmente, muito me agradou. A indicação de Paulo Cunha, antigo presidente da Câmara Municipal de Famalicão e vice-presidente da Direção Nacional do PSD, como segundo nome da lista da Aliança Democrática foi uma excelente e relevantíssima notícia.

Paulo Cunha foi um autarca modelo. Mais do que isso: é um político modelo, reconhecido como tal por aliados e adversários. Ou, mais ainda: reconhecido como tal e de forma quase unânime pela população que serviu – e não há atestado mais importante do que este.

Paulo Cunha transformou Famalicão, tornando-o num dos concelhos portugueses mais pujantes e inovadores, dando-lhe dimensão regional, nacional e europeia e, até na hora da sua saída, demonstrou-nos saber fazer as coisas de forma diferente.

Temos, assim, a sorte de poder escolher e de levar um bom nome, um bom político, um bom homem para nos representar. E isto, às vezes, nem sempre parece acontecer. Assim, aproveitemos.