Cientistas descobrem planeta ‘algodão doce’

O novo planeta foi inicialmente descoberto pela Wide Angle Search for Planets (WASP)

A Universidade de Liége anunciou esta terça-feira que uma equipa internacional de astrofísicos descobriu um planeta gigante com uma densidade extremamente baixa, orbitando uma estrela distante semelhante ao Sol. 

Designado WASP-193b, o novo planeta está localizado a 1200 anos-luz da Terra e é 50% maior que Júpiter, mas tem sete vezes menos massa, o que lhe confere uma densidade “comparável à do algodão doce”.

“O WASP-193b é o segundo planeta menos denso descoberto até agora, depois do Kepler-51d, que é muito menor”, explica Khalid Barkaoui, investigador no Laboratório ExoTIC, da Universidade de Liège (Bélgica).

“A sua densidade muito baixa torna-o uma verdadeira anomalia entre os mais de cinco mil exoplanetas [fora do sistema solar] descobertos até à data”, refere o cientista e primeiro autor do artigo publicado na revista Nature, 

A equipa de Barkaoui integrou também investigadores do Instituto de Tecnologia de Massachussetts (MIT), nos EUA, e o Instituto de Astrofísica da Andaluzia, em Espanha.

O novo planeta foi inicialmente descoberto pela Wide Angle Search for Planets (WASP), uma organização académica internacional que utiliza dois observatórios robóticos, um no hemisfério norte e outro no hemisfério sul, para procurar planetas extrassolares.

As medições feitas revelaram que a massa e tamanho do planeta eram cerca de 0,14 e 1,5 dos de Júpiter. A densidade resultante foi de aproximadamente 0,059 gramas por centímetro cúbico, sendo o algodão doce, com uma densidade de cerca de 0,05 gramas por centímetro cúbico, um dos materiais mais próximos em densidade do novo planeta.

“O planeta é tão leve que é difícil pensar num material análogo em estado sólido”, diz Julien de Wit, professor no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (Estados Unidos) e coautor do estudo. “A razão pela qual parece algodão doce é porque ambos são praticamente ar”, adianta, citado pela agência Lusa.

Os investigadores admitem como provável que o novo planeta seja constituído principalmente por hidrogénio e hélio, como a maioria dos outros gigantes gasosos da galáxia.