O estudo do Laboratório Português de Ambientes de Aprendizagem e Trabalho Saudáveis revela que os estudantes universitários se encontram em risco elevado ao nível dos riscos psicossociais, nomeadamente, apresentam valores elevados de burnout e sintomas como exaustão, tristeza e ansiedade. Revelam, também, que as instituições de ensino superior têm poucos recursos para integrar os estudantes no mercado de trabalho e para promover a saúde dos estudantes, nomeadamente, serviços e parcerias que promovam o estilo de vida saudável, hábitos de estudo, gestão de tempo e naturalmente falta de serviços de apoio ao nível da saúde mental acessíveis e com disponibilidade para dar resposta ao número crescente de solicitações.
As circunstâncias em Portugal para os jovens, ao nível das dificuldades no acesso à habitação, os baixos salários ou a precariedade, podem motivar estes resultados. Por um lado, porque muitos dos estudantes para fazer face às despesas acrescidas do ensino universitário, nomeadamente associadas ao alojamento de estudantes deslocados, tem de começar a trabalhar. São trabalhadores-estudantes, além das suas tarefas académicas, tem de desenvolver competências profissionais e gerir/conciliar as solicitações de ambos os contextos. Por outro lado, por causa das expectativas futuras, olhemos para o futuro que apresentamos aos nossos jovens, analisemos o discurso negativo e de desesperança dos adultos, observemos o panorama nacional e internacional. Há 20 anos um jovem, ou mesmo na “geração mil euros” um jovem que estudava e trabalhava conseguia alugar uma casa, pagar as despesas da casa e as despesas do dia-a-dia, atualmente os jovens não conseguem fazer face às despesas inerentes à sua autonomia com um salário, em muitas circunstâncias nem com dois.
Esta situação pode hipotecar o seu futuro, muitas vezes para se adaptarem e sobreviveram psicologicamente expressam desinteresse, desapego e falta de investimento.
Segundo o Banco Mundial o desenvolvimento de competências está no centro das mudanças que estão a ocorrer na educação e nos mercados de trabalho no meio das megatendências globais que estão a mudar a natureza do trabalho e as exigências de competências. Para os jovens serem bem-sucedidos no mercado de trabalho do século XXI, é necessário um conjunto abrangente de competências tais como: competências básicas e de ordem superior, que são competências cognitivas que englobam a capacidade de compreender ideias complexas, adaptar-se eficazmente ao ambiente, aprender com a experiência e resolução de problemas, as competências socio-emocionais, que descrevem a capacidade de gerir relações, emoções e atitudes. Estas competências incluem a capacidade de lidar eficazmente com situações interpessoais e sociais, bem como a liderança, o trabalho em equipa e autorregulação, e naturalmente as competências digitais, que descrevem a capacidade de aceder, gerir, compreender, integrar, comunicar, avaliar e criar informação digital de forma segura e adequada.
Os jovens estão a revolucionar a dinâmica do trabalho. Os jovens profissionais são mais exigentes, privilegiam o seu bem-estar e uma vez que a estabilidade e as expectativas futuras são muito incertas, focam-se na procura de bem-estar, conciliação e equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho. Acabam por não sobrecarregar tanto a sua vida com o trabalho.
Psicóloga Professora Associada com Agregação Universidade Lusófona