Começa a ser voz corrente em vários palcos europeus que estas eleições são as mais importantes de sempre. O primeiro sufrágio realizou-se em 1979 e, desde então, as temáticas europeias foram impondo-se na vida dos cidadãos, condicionando decisões dos governos nacionais e, com as sucessivas vagas de alargamento, conferindo cada vez mais poderes às instituições europeias.
Desde 2022, o principal problema com que a Europa está confrontada é a guerra na Ucrânia. A tragédia do conflito ganha atualidade na semana em que Volodymyr Zelenski visitou Espanha e Portugal, cumprindo uma agenda que esteve marcada há duas semanas e que acabou por ser adiada em razão da ofensiva russa a Karkiv, a segunda maior cidade Ucraniana.
De Portugal, Zelenski levou abraços de paz e solidariedade política, fundamentalmente. De Espanha, o Presidente ucraniano levou um envelope financeiro de mil e 100 milhões de euros em defesas antiaéreas, armas e munições. Foi a maior ajuda de sempre concedida pelos espanhóis e um país amigo em guerra. No entanto, os tempos não são auspiciosos para Zelenski. A ajuda aliada não representa nem metade do esforço russo na sua máquina de guerra. No que à Europa diz respeito, a questão que se coloca é saber se este esforço de auxílio vai continuar ou vai ter que ser interrompido. Uma parte significativa da resposta decorre daqueles que vierem a ser os resultados das eleições europeias. Em função desses resultados, perceberemos se iremos ter uma Europa ameaçada por instintos ultranacionalistas com o previsível crescimento da extrema-direita ou uma Europa fiel aos seus princípios fundadores no respeito pelos direitos humanos. É uma decisão de 360 milhões de cidadãos. É um facto que a próxima legislatura (2024-2029) estará marcada pela política de defesa de tal modo que a presidente da Comissão Europeia já defendeu a criação do lugar de comissário da defesa.
Veremos.
A questão da extrema-direita acaba por conferir uma parte substantiva da importância destas eleições ao voto dos cidadãos europeus. Que extrema-direita sairá das eleições de 9 de junho é uma das perguntas que circula nos corredores das instituições europeias. As sondagens realizadas indicam um crescimento das extrema direita que na Europa está representada em duas famílias políticas: os conservadores e reformistas e a identidade e democracia. No entanto, é de prever que esse crescimento da direita radical não seja tão avassalador como chegou a ser ponderado. O cenário mais razoável considera que a extrema-direita não irá provocar desequilíbrios nas instituições europeias. A confirmar-se, será uma boa noticia. Assim como foi também uma boa noticia, embora gerando perplexidade, o facto de António Costa ter sido ouvido no departamento central de investigação penal sobre o processo Influencer; uma audição que aconteceu a seu pedido. Como era expectável, António Costa foi ouvido como testemunha e não foi constituído arguido. Significa isto que não há nada contra o antigo primeiro-ministro.
Pela palavra nada entendemos ausência de indícios criminais. Na prática, António Costa fica agora à espera que o processo em que foi envolvido seja arquivado para que o seu caminho em direção à Europa possa acontecer sem mácula. Qualquer que venha a ser a configuração do próximo Parlamento Europeu, o Partido Popular Europeu deverá manter Ursula von der Leyen como presidente da Comissão e caberá aos socialistas a indicação do presidente do Conselho Europeu. Um lugar que António Costa legitimamente deseja e que a sua família política deverá apoiar.
Nós, europeus
Que extrema-direita sairá das eleições de 9 de junho é uma das perguntas que circula nos corredores das instituições europeias…