A Fundação Champalimaud começa esta segunda-feira um programa de rastreio de trabalhadores expostos ao amianto. A iniciativa, em parceria com a associação SOS Amianto, visa aumentar a deteção precoce do cancro Mesotelioma Pleural Maligno (MPM).
“O programa começa com as primeiras três de um total de 200 pessoas já identificadas pela Associação SOS Amianto”, que foram expostas à substância (fibras minerais naturais, extraídas a partir de rochas) “nas Fábricas de Fibrocimento de Portugal, desde a década de 60 do século XX”, revela a Fundação em comunicado.
Numa “abordagem inovadora”, o Programa de Diagnóstico Precoce do MPM utilizará o método de análise de metabolitos (produto do metabolismo de uma determinada molécula ou substância) voláteis no ar exalado da respiração, com recurso ao sopro. O método será depois complementado com uma TAC (tomografia axial computorizada) torácica de baixa dose.
“Esta abordagem não invasiva permitirá identificar padrões de compostos voláteis orgânicos que podem corresponder a perfis típicos da doença, tornando o rastreio possível e o diagnóstico mais preciso e acessível”, adianta a nota da fundação.
O MPM é um tipo de tumor maligno da pleura associado à exposição contínua ao amianto e de diagnóstico difícil. Tem como sintomas mais comuns a “falta de ar, dor no peito, perda de peso e fadiga”, o que “pode levar à confusão com outras doenças do trato respiratório”
O facto de os sintomas só aparecerem geralmente “em fases avançadas da doença”, torna o diagnóstico precoce “crucial para aumentar as probabilidades de tratamento bem-sucedido”.
Registam-se anualmente cerca de 92.500 casos desta doença, cuja mortalidade “é muito elevada a nível mundial”. Embora esteja incluída na lista das doenças profissionais em Portugal, não é obrigatório comunicá-la e apenas 3% dos casos são notificados.
O amianto ainda pode ser encontrado em edifícios públicos e privados, por exemplo em tetos falsos ou telhas de fibrocimento, sendo a probabilidade maior nos construídos entre 1960 e 1990.