A infidelidade é um tema recorrente na História, tanto em contextos pessoais quanto políticos. A espionagem, muitas vezes ligada a intrigas amorosas, revela como estes dois elementos se entrelaçam, influenciando eventos históricos e decidindo o destino de nações. Por exemplo, o Caso Profumo: este escândalo político britânico na década de 1960 envolveu sexo, espionagem e segurança nacional. Foi nomeado desta forma devido a John Profumo, então Secretário de Estado da Guerra do Reino Unido. O escândalo teve consequências significativas para o governo britânico e para a carreira de várias figuras envolvidas.
Em 1961, John Profumo conheceu Christine Keeler – então com 19 anos – numa festa na casa de campo de Stephen Ward, um osteopata e socialite amigo de Keeler que facilitava os encontros entre a modelo, Profumo e Yevgeny Ivanov (adido da União Soviética). Keeler e Profumo começaram um caso amoroso. No ano seguinte, rumores do caso começaram a circular e havia preocupações sobre a possibilidade de a ligação de Keeler a Ivanov pôr em causa a segurança nacional. Em março de 1963, Profumo negou o caso na Câmara dos Comuns, afirmando que não houve “nada impróprio” no seu relacionamento com Keeler. Em julho desse ano, admitiu o caso e renunciou ao cargo. Entretanto, Stephen Ward foi preso e julgado por viver dos ganhos de prostitutas. Suicidou-se pouco antes de ser condenado.
A carreira de John Profumo terminou abruptamente. Após a renúncia, retirou-se da vida pública e dedicou o resto da sua vida ao trabalho voluntário. Christine Keeler ganhou notoriedade e viveu o resto da sua vida sob os holofotes, publicando livros e concedendo entrevistas. No entanto, a sua reputação foi manchada pelo escândalo. O caso abalou a confiança pública no governo e contribuiu para a derrota do Partido Conservador nas eleições gerais de 1964. Em termos mediáticos, o livro An English Affair: Sex, Class and Power in the Age of Profumo de Richard Davenport-Hines foi famoso, assim como o filme Scandal (1989), dirigido por Michael Caton-Jones, que dramatiza os eventos do escândalo.
O Caso Profumo não é único na História – vários outros escândalos que misturam política, sexo e espionagem. Embora nunca totalmente confirmado, é amplamente especulado que o Presidente Kennedy teve um caso com Marilyn Monroe. O relacionamento é cercado de mistério e teorias da conspiração, especialmente após a morte prematura de Monroe em 1962. As supostas conexões entre Kennedy e Monroe continuam a ser um foco de fascínio e especulação pública. Já entre 1995 e 1997, o caso entre o Presidente Bill Clinton e a estagiária Monica Lewinsky levou a um escândalo significativo. Clinton inicialmente negou qualquer envolvimento sexual com Lewinsky, mas evidências de um relacionamento, incluindo gravações e um vestido manchado de sémen, levaram a um processo de impeachment.
Também nos anos 90, durante a sua presidência, François Mitterrand teve um relacionamento extraconjugal de longa data com a historiadora de arte Anne Pingeot, de quem teve uma filha, Mazarine. A existência da filha e do relacionamento foi mantida em segredo do público até ao final do seu segundo mandato, quando foi revelada pela imprensa.
Mais recentemente, entre 2000 e 2010, outro político, Silvio Berlusconi – então primeiro-ministro de Itália –, esteve envolvido numa série de escândalos sexuais, incluindo festas com mulheres jovens, algumas menores de idade. Foi acusado de abuso de poder e de pagar por sexo com menores. Os escândalos prejudicaram seriamente a sua reputação política.
Em 2008, Eliot Spitzer, então governador de Nova Iorque, esteve envolvido num escândalo quando se descobriu que era cliente de um serviço de acompanhantes de luxo. O escândalo resultou na renúncia ao cargo de governador. Spitzer era conhecido pelo combate à corrupção e ao crime organizado, o que tornou a revelação das suas atividades pessoais ainda mais impactante. No ano seguinte, Mark Sanford – governador do estado norte-americano da Carolina do Sul – desapareceu por vários dias, alegando que estava a fazer uma caminhada nos Montes Apalaches, mas foi descoberto que estava na Argentina com a sua amante, Maria Belén Chapur (uma jornalista argentina). O escândalo levou à sua renúncia como presidente da Associação de Governadores Republicanos e ao fim do seu casamento.
Volvidos dois anos, em 2011, Dominique Strauss-Kahn – diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) – foi acusado de agredir sexualmente Nafissatou Diallo, uma camareira do hotel Sofitel em Nova Iorque. O caso resultou na sua detenção e subsequente renúncia ao FMI. Embora as acusações criminais tenham sido retiradas devido a questões de credibilidade do testemunho, o caso destruiu as aspirações políticas de Strauss-Kahn, que era considerado um forte candidato à presidência de França.
De Mata Hari aos Charlie’s Angels As espiãs que investigam infidelidade são personagens populares na literatura, cinema e televisão. Mata Hari, nome artístico de Margaretha Geertruida Zelle, durante a Primeira Guerra Mundial usou os seus encantos enquanto dançarina exótica e cortesã para obter informações.
Já no mundo da ficção, Nancy Drew, de uma série de livros, foi criada por Edward Stratemeyer e é uma jovem detetive amadora que resolve vários mistérios, incluindo casos de infidelidade, ao longo dos muitos livros. É uma das personagens mais conhecidas da literatura jovem. Jessica Jones, da Marvel, criada por Brian Michael Bendis e Michael Gaydos, é uma ex-super-heroína que se torna detetive particular. Na série, investiga diversos casos, incluindo infidelidades, usando as suas habilidades extraordinárias e inteligência.
Emma Peel, da série The Avengers, interpretada por Diana Rigg, é uma agente secreta que, juntamente com o seu parceiro John Steed, investiga diversos crimes e conspirações._Ainda que o foco não seja exclusivamente infidelidade, ela é uma das espiãs mais icónicas da televisão. Veronica Mars, criada no âmbito de uma série de TV por Rob Thomas, é uma adolescente detetive que investiga crimes na sua cidade natal. Frequentemente lida com casos de infidelidade, tanto na sua escola quanto na comunidade em geral.
Já Phryne Fisher, da série de livros e série de TV Miss Fisher’s Murder Mysteries, criada por Kerry Greenwood, é uma detetive particular nos anos 20 em Melbourne, na Austrália. Resolve muitos tipos de mistérios, incluindo casos de infidelidade. Por fim, os Charlie’s Angels, da série de TV homónima, criados por Ivan Goff e Ben Roberts, são três mulheres que trabalham para uma agência de detetives e realizam diversas investigações, incluindo casos de infidelidade.