O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, desvalorizou, esta quinta-feira, as investigações da Polícia Judiciária (PJ) à autarquia, admitindo estar tranquilo com a investigação sobre despesas com refeições descritas pelo município como almoços de trabalho.
Em declarações aos jornalistas, o autarca de Oeiras explicou que a Câmara Municipal está a ser investigada por “ter sido a única a responder entre várias câmaras questionadas” a um órgão de comunicação social, depois de ter sido questionada, o que resultou numa notícia sobre estes gastos.
Isaltino Morais ironiza a situação referindo que: “A Câmara dá-vos tudo. Vocês querem saber quanto custou o arroz de lavagante? Quanto custou o saquê afrodisíaco? A Câmara Municipal também está à vossa disposição, mas acha que eu tenho barriga para consumir isso tudo?”.
A PJ está, esta quinta-feira, a realizar buscas no município no âmbito de uma investigação sobre despesas com refeições.
O presidente da Câmara de Oeiras explica que a sua autarquia foi a “única que respondeu” à revista Sábado que, no ano passado, noticiou que “em seis anos, a Câmara de Oeiras pagou mais de 139 mil euros em ‘almoços de trabalho’” com elementos do executivo e das suas equipas.
“Estamos a falar de uma prática comum, é uma atividade administrativa. Para almoços de trabalho não são valores avultados” acrescentou Isaltino Morais.
O autarca disse ainda que a Câmara Municipal não deveria estar a ser investigada, relativamente à realização dos mencionados almoços, sendo que já faz “parte do quotidiano, da parte administrativa, e aí a justiça não tem de se meter na política”.
“Outra coisa é saber se porventura há faturas falsas”, reconheceu, dizendo de seguinda que nunca teve conhecimento de uma situação dessas.
No que toca ao valor referido, de 139 mil euros, Isaltino Morais refere que o elevado montante tem a ver com o facto de se fazerem as contas de seis anos seguidos.
Relativamente à notícia da existência de faturas, datadas do mesmo dia, o autarca de Oeiras entende tratar-se de “uma maldade”, sendo que existe uma fatura de um lanche no dia da inauguração da exposição da World Press Photo, no Parque dos Poetas, e, no mesmo dia, outra fatura de um jantar com o presidente de um município estrangeiro.
“Portanto, estamos a falar de uma situação perfeitamente normal da atividade administrativa. Estou tranquilo e colaboro, a prestar toda a informação que a Polícia Judiciária e os magistrados do Ministério Público solicitam”, justificou.
A Câmara, em comunicado, divulgado na manhã desta quinta-feira, referiu que sua autarquia emprega cerca de três mil funcionários, que “têm reuniões todos os dias, encontros todos os dias” e acrescenta que “as buscas estão relacionadas com almoços de trabalho do município, como foi do conhecimento público no ano passado, e decorrem nos Paços do Concelho e no Edifício Atrium [com serviços municipais]”.