Rupert Murdoch. À 5.ª é de vez?

Apesar de muita gente acreditar que depois dos 90 anos já não há muito para fazer, o magnata dos media, Rupert Murdoch, vem provar o contrário. Aos 93 anos, o australiano multimilionário casou-se com a russa Elena Zhukova, 26 anos mais nova. Antes dela Murdoch foi casado quatro vezes e teve seis filhos.

Rupert Murdoch. À 5.ª é de vez?

Transformou uma pequena empresa que herdou do seu pai num império multimilionário de media global que incluiu os jornais News of the World, o The Sun, o The New York Post e o The Wall Street Journal; o estúdio de cinema da Twentieth Century Fox; a rede Fox Broadcasting; o Canal Fox News; as publicações da HarperCollins e os Los Angeles Dodgers. De acordo com a revista Forbes, a sua fortuna está avaliada em 19 mil milhões de dólares, mais de 17,5 milhões de euros. Em novembro de 2023 anunciou que deixaria o cargo de presidente de ambas as organizações – Fox Corporation e News Corp –, entregando as rédeas ao seu filho Lachlan. E, apesar de já muito ter vivido e conquistado, parece que o seu coração nunca deixa de estar disponível para o amor. A maior parte das pessoas pode considerar que depois dos 90 já não há muito para viver, mas o magnata dos media, Rupert Murdoch, mostra-nos o contrário. Aos 93 anos, casou-se pela quinta vez com a russa Elena Zhukova, 26 anos mais nova. Recorde-se que Murdoch tem seis filhos e já foi casado quatro vezes. A sua primeira mulher foi a hospedeira de bordo australiana Patricia Booker, com quem teve a filha Prudence. O casal divorciou-se em 1967. Depois disso, Murdoch esteve casado com a jornalista Anna Torv durante mais de 30 anos. Divorciaram-se em 1999 e tiveram três filhos: Elisabeth, Lachlan e James. O terceiro casamento foi com Wendi Deng nesse mesmo ano e terminou em 2013. O casal tem duas filhas em comum: Grace e Chloe. A última união foi com a modelo Jerry Hall, ex-parceira de longa data do vocalista dos Rolling Stones, Mick Jagger. O casamento durou entre 2016 e 2022. No ano passado, Murdoch chegou a anunciar o noivado com Ann Lesley Smith. No entanto, cancelou o casamento menos de um mês depois.

O quinto casamento decorreu no dia 1 de junho na vinha do magnata em Bel-Air, Califórnia. O jornal The Sun – propriedade de Murdoch –, divulgou fotografias do multimilionário ao lado da bióloga molecular reformada de 67 anos. Nas imagens ambos aparecem bastante felizes e descontraídos. Elena optou por um clássico vestido branco com decote em quadrado desenhado pela criadora britânica Emilia Wickstead. Já Murdoch optou por um fato preto com camisa branca abotoada, gravata amarela torrada e ténis. O casal estava noivo desde março de 2024. Começaram a namorar no verão passado. De acordo com o Daily Mail, entre os convidados esteve a ex-mulher do magnata Wendi Deng que os apresentou. Além desta estiveram presentes nomes como Robert Thompson, chefe da News Corp; e Robert Kraft, proprietário da equipa de futebol americano New England Patriots.

Tal como o seu recente marido, Elena Zhukova também era divorciada. Esteve casada com o empresário britânico nascido na Rússia Alexander Zhukov, com quem teve uma filha, Dasha Zhukova​ – a ex-mulher de Roman Abramovich, o oligarca russo, antigo patrão do Chelsea, que soma as nacionalidades israelita e portuguesa. O casal divorciou-se em 2018.

Um homem ambicioso

O magnata nasceu em 1931 em Melbourne, Austrália. A sua família dedicava-se à imprensa. Aliás, segundo a BBC, o seu pai, Sir Keith Arthur Murdoch, era um dos jornalistas mais ilustres do país. Acreditava que os jornais eram «um dos mais importantes instrumentos a favor da liberdade». Quando morreu, em 1952, deixou à família o controlo acionário do jornal Adelaide News. Por isso, Rupert Murdoch deixou os estudos em Oxford, Inglaterra, e regressou à Austrália para tomar conta do negócio familiar.

Durante os seus estudos em Worcester College, manteve um busto de Lenine na sua lareira e passou a ser conhecido como “Red Rupert”. Foi membro do Partido Trabalhista da Universidade, candidatou-se a secretário do Clube Trabalhista e administrou a Oxford Student Publications Limited, a editora de Cherwell. Responsável pelo negócio familiar, acabou por transformá-lo num enorme sucesso, adquiriu outros títulos locais australianos e, em 1964, criou o primeiro jornal nacional do país, The Australian. Nessa altura, escreve a BBC, era conhecido por escrever manchetes e redesenhar as páginas, apesar de garantir que dava muita liberdade aos editores. Em 1968, viajou até ao Reino Unido para comprar o News of the World e, pouco depois, o The Sun, que acabou por se tornar o maior sucesso de vendas britânico. Depois disso, ganhou a alcunha de Dirty Digger, já que apostava em páginas sensacionalistas e repletas de sexo. Os seus jornais foram, por isso, frequentemente acusados ​​de «manipulação política», enquanto os seus críticos o consideram «um cínico que degradou os padrões do jornalismo». Outros, aplaudiam-no pela sua «ousadia» e «surpreendente disposição para assumir riscos».

Recorde-se que este apoiou Margaret Tatcher, Tony Blair, David Cameron, Theresa May. Rupert Murdoch defendia que «um jornal pode criar grandes controvérsias, suscitar discussões dentro da comunidade, pode lançar luz sobre injustiças, assim como pode fazer o contrário, pode esconder coisas e ser uma grande força do mal».

Do Reino Unido para os EUA

Em 1973, iniciou uma série de aquisições nos EUA, incluindo o San Antonio News, o Star em 1974, a revista New York e o Chicago Sun-Times. Além disso, expandiu-se para a publicação de livros, adquirindo a Harper & Row e mais tarde a Collins, ambas posteriormente fundidas para formar a HarperCollins.

Na década de 80, à frente dos jornais londrinos Times e Sunday Times, quebrou o domínio dos sindicatos sobre a indústria gráfica do país. Mudou-os para sistemas informatizados e levou centenas de gráficas a ficarem sem trabalho. De acordo com a BBC despediu 5 mil trabalhadores.

Seguiu-se uma revolução televisiva. O empresário conduziu o lançamento da primeira TV via satélite do Reino Unido, a Sky. Dentro do pacote, também foi lançado o Sky News, primeiro canal de notícias 24 horas da Europa. Segundo a Investopedia, em 1985, a News Corp comprou a Twentieth Century Fox Film Corporation, e o estúdio posteriormente produziu dois dos filmes de maior bilheteira de todos os tempos, Titanic e Avatar. A empresa criou ainda o grupo Fox Television Stations, base para o lançamento da FOX Broadcasting Company e da FOX Sports. A FOX liderou a indústria televisiva durante oito anos e, em outubro de 1996, a News Corporation lançou o FOX News Channel e estabeleceu redes de cabo populares, como a FX e o National Geographic Channel.

Em 2011, investigações determinaram que os funcionários do News of the World invadiram sistematicamente os telefones de políticos, celebridades e outras pessoas no noticiário, incluindo vítimas de homicídio e seus familiares, para produzir reportagens exclusivas, colocando Murdoch no meio de grandes polémicas. O magnata foi forçado a fechar o jornal e a  apresentar um pedido de desculpas humilhante. Durante um tempo, o escândalo restringiu os seus planos de expandir os seus negócios. Mas não por muito tempo.

No documentário da BBC Quem tem medo de Rupert Murdoch?, lançado em 1981, Robert Spitzler, ex-editor-chefe do New York Post, disse que o papel de Murdoch sempre foi para além de comentar e liderar: «Rupert escreveu manchetes, Rupert moldou histórias, Rupert ditou os rumos das histórias… Rupert estava em toda parte».

Com um valor de mercado de 13,5 mil milhões de dólares, o equivalente a 12,5 mil milhões de euros, a News Corp continua a ser uma das empresas mais influentes do planeta.