FRANKFURT – Áustria-Turquia: eis um jogo que é mais do que um jogo. É um momento da História. Um momento que abalou a estrutura da Europa quando, na Batalha de Viena, então capital do Sacro Império Romano-Germânico, também chamada de Batalha de Kahlenberg (porque travada no monte Kahlenberg, nos arredores da capital austríaca), o exército do Império Otomano com mais de 90 mil homens foi escorraçado. 12 de Setembro de 1863. A derrota do grão-vizir Merzifonlu Cara Mustafá Pasha perante as tropas unidas da Polónia, da Áustria e da Alemanha, sob o comando do rei da Polónia-Lituânia, João III Sobieski, terminou definitivamente com o avanço dos turcos para ocidente. Mas não fez ruir apenas as ambições islâmicas. Fez com que a Casa dos Habsburgos ganhasse um aura de poder que não tardou a dominar o sul da Hungria e a Transilvânia. Depois, reza a lenda, um pasteleiro vienense resolveu fazer um pão folhado com a forma da lua crescente, o símbolo otomano. Nasceu o «croissant». Que só se tornou Francês quando a arqui-duquesa Maria Antonieta de Áustria foi viver para Paris e se casou com o rei Luís XVI. Mas isso só em 1770. Até lá, os franceses referiam-se aos famosos pastéis vienenses por inteiro com a expressão um pouco menorizante de «viennoiseries». Dia 2 de Julho, em Leipzig, austríacos e turcos defrontam-se outra vez, agora num campo de futebol. Mas, entretanto, já os «croissants» se afrancesaram de tal maneira que ninguém recorda a sua origem.
Áustria-Turquia. A batalha dos «croissants»
Quando um jogo de futebol faz parte da História da Europa para lá da história do Europeu.