A edição deste ano foi verdadeiramente especial com oito prestigiados construtores a lutarem pelos primeiros lugares: BMW, Cadillac, Ferrari, Isotta Fraschini, Lamborghini, Peugeot, Porsche e Toyota. Nunca se tinha visto nada assim em Le Mans, e a coisa promete ser ainda melhor em 2025 com a chegada da Aston Martin com dois protótipos Valkyrie.
A prova deste ano fica também na história por ter sido aquela em que o Safety Car esteve mais tempo em pista. Os acidentes e a chuva intensa que caiu durante a noite obrigaram a direção de prova fazer entrar o carro de segurança durante 6h54m. Por essa razão, o vencedor fez “apenas” 331 voltas, menos 31 do que em 2023, a uma média bastante baixa de 176,3 km/h. Sempre que havia condições para a corrida recomeçar, os pilotos desforravam-se e o ritmo era infernal.
Ao longo da história criou-se a ideia de que é Le Mans que escolhe o vencedor. A verdade é que, por mais do que uma vez, a vitória foi negada a quem tinha o triunfo praticamente garantido. Este ano a “escolha” recaiu sobre o Ferrari 499P da equipa Fuoco/Nielsen/Molina, que depois de algumas peripécias, como uma porta aberta em plena corrida, venceu com 14,2 s de vantagem sobre Kobayashi/Nyck de Vries/Lopez, no Toyota GR010 Hybrid. No último lugar do pódio ficou o segundo Ferrari oficial de Calado/Giovinazzi/Pier Guidi, que tinha ganho em 2023, a 36,7 s. Ferrari, Porsche e Toyota andaram na frente desde o início, a que se juntou a Cadillac na segunda metade da corrida. A luta pela vitória foi tremenda, o que explica que tivesse havido 40 mudanças de líder! Com 20 horas de prova, os três primeiros estavam separados por escassos dois segundos e os cinco primeiros cabiam em 12 segundos! Mas em Le Mans não importa como se começa, mas sim como se acaba, e a última passagem pela box a uma hora do fim foi determinante para encontrar o vencedor. A Ferrari arriscou mais na estratégia e tomou quase sempre as decisões certas, ao contrário da Toyota e da Porsche, e isso fez toda a diferença.
As 24 Horas Le Mans é uma prova que se ama ou detesta. As três marcas já experimentaram as duas sensações. «Foi uma corrida incrível, foi tudo muito caótico e difícil. No ano passado ficamos muito perto da vitória e trabalhamos imenso durante toda a semana para este resultado. É o melhor dia da minha carreira», disse Molina. Do lado da Toyota, era visível a desilusão por mais uma derrota no confronto direto com a Ferrari. «Foi uma corrida fenomenal. Poderíamos ter ganho, mas tivemos alguns problemas. Toda a equipa fez um ótimo trabalho e, no próximo ano, faremos melhor», disse Kobayashi, que realizou a volta mais rápida em corrida.