O Tribunal Penal Internacional (TPI) condenou um líder extremista islâmico ligado à Al Qaeda por crimes de guerra e crimes contra a humanidade em Timbuktu, no Mali.
Al Hassan Ag Abdoul Aziz Ag Mohamed Ag Mahmoud foi acusado de desempenhar um papel fundamental num reinado de terror desencadeado pelos terroristas na histórica cidade no norte do Mali em 2012.
O terrorista foi acusado de envolvimento em crimes como violação, tortura, perseguição, casamentos forçados e escravidão sexual. A acusação diz que Al Hassan era um membro importante do Ansar Dine, um grupo extremista islâmico com ligações à Al Qaeda que na época detinha o poder no norte do Mali. Pode ser condenado a prisão perpétua.
As mulheres e as jovens foram as que mais sofreram sob o regime repressivo de Ansar Dine, enfrentando castigos corporais e penas de prisão, disse o então procurador-chefe no início do julgamento de Al Hassan, há quase quatro anos.
«Muitas foram forçadas a casar», disse Fatou Bensouda. «Confinadas contra a sua vontade e repetidamente violadas por membros do grupo armado», acrescentou. Al Hassan esteve envolvido na organização desses casamentos.
Combate de uma década
Uma operação militar liderada pela França em 2013 forçou Al Hassan e outros a deixarem o poder. O Mali, juntamente com os seus vizinhos Burkina Faso e Níger, tem lutado durante mais de uma década contra grupos armados aliados da Al-Qaeda e do Estado Islâmico. Após golpes militares nos três países nos últimos anos, as juntas governantes expulsaram as forças francesas e recorreram a unidades mercenárias da Rússia para assistência e segurança.
O coronel Assimi Goita, que assumiu o comando do Mali após um segundo golpe em 2021, prometeu devolver o país à democracia no início de 2024. Mas, em setembro, a junta cancelou as eleições marcadas para Fevereiro de 2024 por tempo indeterminado, argumentando com a necessidade de mais preparativos técnicos.