Era contagiante e tinha uma personalidade forte que combinava com a sua imagem. A sua grande paixão era o mar – chegou a ganhar competições internacionais de surf e a apanhar duas das ondas mais famosas do mundo. Quando não estava a surfar, gostava de representar e ficou conhecido pelo seu papel no quarto filme da saga Piratas das Caraíbas: Por Estranhas Marés. Além disso, participou nas séries Havai Força Especial e Lost e no filme Os Anjos de Charlie. Tamayo Perry, surfista e nadador salvador no Havai, morreu no domingo, aos 49 anos, depois de ser atacado por um tubarão enquanto surfava na praia onde cresceu – este é o primeiro incidente fatal com tubarões no arquipélago do Havai neste ano. Desde Janeiro, foram atacados três surfistas, mas todos eles sobreviveram apenas com alguns ferimentos.
Segundo as autoridades, os serviços de emergência foram chamados à praia de Malaekahana, na costa norte de O’ahu, pouco antes das 13 horas. De acordo com a sua porta-voz , Shayne Enright, ninguém sabia que se tratava do ator. O alerta foi dado devido a um surfista que estava a ser atacado por um tubarão. Os nadadores salvadores do departamento de Segurança nos Oceanos retiraram o surfista do mar com uma mota de água e os paramédicos acabaram por declarar a morte no local. Perry acabou por não resistir aos ferimentos de «mais do que uma dentada». O corpo foi depois identificado pelos colegas que se encontravam no local. «Tamayo era um lendário homem do mar e muito respeitado. Cresceu aqui mesmo e era um grande membro da nossa equipa de segurança dos oceanos», lamentou o presidente da Câmara, Rick Blangiardi. «A personalidade de Tamayo era contagiante e, por muito que as pessoas gostassem dele, ele gostava ainda mais de toda a gente», acrescentou o chefe da equipa de Segurança dos Oceanos de Honolulu, Kurt Lager, revelando que foram divulgados avisos de perigo para ataques de tubarão naquela zona, na sequência do incidente.
Perry nasceu em 1975, e cresceu no lado Este de Oahu. Começou a surfar aos 12 anos e, desde essa altura, era visto como um surfista promissor, apesar de durante algum tempo a falta de patrocínios o ter levado a pedir pranchas emprestadas. Segundo a página do campeonato mundial da modalidade, estreou-se nas competições de surf em 1999 e era nadador-salvador profissional desde julho de 2016. Na sua biografia, disponível no site da empresa Oahu Surfing Experience, onde dava aulas, o também artista conta um outro episódio que sofreu dentro do mar: apesar de não detalhar o acontecimento, fala sobre ter surfado «a onda mais mortífera» num acidente «quase fatal», por culpa de outros. «Como um dedicado homem da água, adquiri um enorme conhecimento, não apenas pelo que conquistei, mas também pelo que sofri. Há alguns anos, enquanto surfava em Pipeline, envolvi-me num acidente estranho que se transformou numa experiência quase fatal. O incidente aconteceu por falta de consciência de outra pessoa. As lições que tirei desse evento inspiraram-me no meu objetivo de incutir etiqueta de surf adequada e segurança naqueles a quem ensino», contou.