Já passaram mais de seis meses do ato mais terrorista que assistimos nos últimos, senão, mesmo, nas últimas décadas. O dia 7 de outubro de 2023 vai ficar na nossa memória para todo o sempre…
Os atos praticados pelo Hamas são tão brutais que só não os consideramos mais animalescos, porque não temos imagens visuais para nos impressionarmos. Todos nos lembramos das imagens das crianças e das mulheres a chorarem depois dos bombardeamentos israelitas, mas não nos conseguimos lembrar das imensas atrocidades que sofreram os israelitas durante aquelas horas horrendas de 7 de outubro.
Qual e a diferença? Porque consideramos horrendos os ataques de Israel para libertarem os reféns do Hamas e nos esquecemos que o Hamas ainda tem mais de uma centena de israelitas? Porque, na verdade, já vimos muitas imagens do sofrimento palestiniano e quase nenhumas do sofrimento israelita!
O que escrevo nestas poucas palavras, pode parecer muito descabido e com muitas comparações muito desajustadas, mas o meu objetivo, neste meu artigo, não é tanto dar muitas respostas, mas acima de tudo, lançar muitas perguntas.
O Ocidente parece estar tão inflamado com os israelitas, com Israel como outrora este com os russos… É verdade! Quando a Rússia invadiu a Ucrânia ficámos tão furiosos tanto quanto na altura em que os palestinianos violaram milhares de mulheres e crianças e levaram ao sofrimento milhares de homens e mulheres que viviam em Israel. Para nós, o que aconteceu em Israel é o que está a acontecer na Ucrânia e é inadmissível.
O que há, então, agora de estranho? Como é que estamos tão a favor dos ucranianos e tão contra os russos e, ao mesmo tempo, tão a favor dos palestinianos e tão contra os israelitas? Por causa das imagens, penso eu?
Todos nos lembramos das imagens dos nossos líderes ocidentais diante de Butcha! Todos nos lembramos dos das atrocidades nas aldeias à volta de Kiev: violações e mortes, torturas e etc.. Mas não conseguimos ter na memória nenhuma imagem das atrocidades do Hamas contra os israelitas. Porquê? Porque os jornalistas são os que nos mostram a realidade que eles mesmo nos querem fazer mostrar.
Lembra-se daquele repórter português que nos foi dando conta do que se passava na parte russa? O Bruno qualquer coisa? Lembra-se do Alexandre não sei o quê que defendia os russos? Desapareceu? Desapareceram os dois! Assim acontece com os defensores de Israel. Os jornalistas enfatizam muito mais a narrativa palestiniana do que a narrativa israelita.
Isto não quer dizer que eu esteja mais do lado israelita do que do lado palestiniano, porque não estou. Mas os dados objetivos que nos chegam, levam-me a perceber que somos completamente manipulados pela comunicação do Hamas. A ineficácia israelita é uma ineficácia, não tanto militar, mas de comunicação. O Hamas está muito mais preparado para lidar com os jornalistas do que os israelitas…
Querem ver como é verdade?
É simples! Nós temos muito mais manifestações contra Israel do que tivemos contra a Rússia! Nós temos muito mais agitação de jovens e de estudantes contra Israel do temos tido contra a Rússia. Porquê? Porque a perceção que os jornalistas nos dão da palestina é muito maior do que a perceção que nos dão da Ucrânia.
Ainda pensam que eu não tenho razão? Então quer dizer que somos todos racistas e achamos o contrário do que fazemos. Porque é que recebemos milhões de ucranianos nas nossas casas e não recebemos, igualmente, os palestinianos? Porque somos racistas! Temos pena dos dois, mas tratamo-los de maneira diferente.
A verdade é apenas uma: nós não temos um pensamento acerca das guerras que existem no mundo… Temos, apenas, e só, a perceção que os média nos dão da realidade…. Porque pensar pela própria cabeça, dá muito trabalho.