Será a publicidade um produto – mais um – da moderna sociedade de consumo? Ao contrário do que se poderia pensar, nem por isso. A menos que consideremos que a moderna sociedade de consumo teve início há mais de cinco mil anos, no Egipto dos faraós.
De facto, uma das primeiras formas de publicidade foi encontrada num papiro egípcio datado de cerca de 3000 a.C., que anunciava uma recompensa para quem encontrasse um escravo fugitivo, de seu nome Shem. A mensagem era difundida pelo seu proprietário, Hapu, um comerciante de tecidos. O papiro não só oferecia a recompensa, mas também mencionava que Shem era habilidoso no trabalho com tecidos, o que poderia ter sido uma tentativa de atrair potenciais compradores ou ajudar na identificação do escravo.
Muito mais tarde, os romanos, sempre eles, usavam murais e inscrições em paredes para anunciar eventos como lutas de gladiadores e jogos públicos. Mas também eram peritos em graffiti que promoviam ou denegriam candidatos políticos.
Os chineses foram pioneiros na impressão em bloco de madeira e há registos de anúncios impressos em tecidos e papéis desde o século IX, promovendo agulhas de aço e outros produtos de uso quotidiano.
Durante o Renascimento, Itália utilizou formas primitivas de publicidade para promover eventos culturais e mercadorias, especialmente em cidades como Veneza e Florença. França também foi pioneira no recurso aos anúncios. No final do século XVII, estes começaram a aparecer em jornais franceses, promovendo produtos e serviços locais. Na Alemanha, a publicidade impressa também começou a desenvolver-se no século XVII, com anúncios em jornais locais e panfletos.
O primeiro anúncio impresso em Inglaterra apareceu no Mercurius Britannicus, em 1625, e promovia um livro religioso. Nos EUA, o primeiro anúncio de jornal apareceu no The Boston News-Letter em 1704, promovendo uma propriedade à venda em Long Island. Outros jornais como o The Pennsylvania Gazette (publicado pelo inventor e diplomata Benjamin Franklin) também foram fundamentais na popularização da publicidade impressa.
O caso português
Fundada em 1715, a “Gazeta de Lisboa” é considerada um dos primeiros jornais portugueses. Nas suas páginas publicava anúncios de vários tipos, incluindo a produtos e serviços. Eram anúncios bastante simples, geralmente informativos, e focavam-se em mercadorias como livros, medicamentos e imóveis.
Posteriormente, fundado em 1864, o Diário de Notícias foi um dos jornais que popularizaram a publicidade moderna em Portugal. Com o tempo, os anúncios tornaram-se mais sofisticados e variados, cobrindo uma ampla gama de produtos e serviços.
Publicidade na TV
Os primeiros anúncios televisivos da História foram transmitidos nos EUA, onde a televisão começou a popularizar-se rapidamente após a Segunda Guerra Mundial. Aqui estão alguns marcos importantes. Em 1941, ainda com o conflito a decorrer, surgiu aquele que é considerado o primeiro anúncio televisivo pago. Foi para o ar a 1 de julho de 1941, na rede de televisão WNBT (hoje conhecida como WNBC), em Nova Iorque. Mostrava um relógio Bulova e custou apenas alguns dólares, transmitindo a mensagem: “America runs on Bulova time”.
No mesmo ano, a NBC fez a primeira transmissão comercial contínua numa estação experimental em Nova Iorque, que incluiu vários anúncios pagos. A DuMont Television Network foi a primeira rede a vender tempo comercial regularmente, tendo iniciado esta atividade em 1948. Durante os anos 50, as redes de televisão nos Estados Unidos, como CBS, NBC e ABC, começaram a oferecer tempo comercial em programas regulares, lançando a era moderna da publicidade televisiva, que se tornou um negócio de milhões.
Em Portugal, a RTP começou as suas transmissões regulares em março de 1957 – a emissão experimental aconteceu em 1956. Pensa-se que o primeiro anúncio tenha sido à pasta de dentes Couto. E_muitos se lembrarão da célebre deixa: “Palavras para quê? É um artista português e só usa Pasta Medicinal Couto!”. A avaliar por este exemplo, a publicidade resulta:_fundada no Porto em 1918, a pasta dentífrica Couto continua à venda no mercado.