Grandes duelos pela pátria

A história dos jogos olímpicos está marcada por fantásticos duelos entre atletas talentosos e países poderosos. Resgatamos um pouco das rivalidades que fizeram disparar a emoção e a tensão.

De tempos a tempos, uma competição mais disputada acaba em discórdia. Um bom exemplo foi a final de basquetebol em Munique 1972. A URSS liderou durante quase toda a partida, a três segundos do fim, os EUA passaram para a frente por um ponto e começaram a comemorar… só que antes do tempo. Os eternos rivais aproveitaram essa desatenção e, no momento em que soou o apito final, marcaram um cesto que deu a vitória e o título olímpico (51-50). Pela primeira vez na história a União Soviética ganhava a medalha de ouro no basquetebol e, pela primeira vez, o heptacampeão olímpico foi derrotado. Na Guerra Fria do olimpismo, os soviéticos venceram a “Batalha de Munique”. Derrotados, e não convencidos, os EUA recusaram a receber a medalha de prata, que continua depositada no cofre-forte do Comité Olímpico Internacional.

As duas potências mundiais voltaram a encontrar-se em Seul 1988, com uma vitória fácil da URSS (82-76) nas meias-finais. Contudo, a queda do bloco soviético, em 1991, levou ao fim da seleção que foi campeã olímpica e, dessa forma, terminou uma das maiores rivalidades desportivas de todos os tempos. Os Estados Unidos ganharam mais partidas, mas a União Soviética obteve as vitórias mais impactantes. Foram batalhas que marcaram para sempre os jogos olímpicos. Para esquecer a dolorosa derrota em Seul, os Estados Unidos levaram para Barcelona 1992 o seu Dream Team, possivelmente a melhor equipa de basquetebol de sempre. Era formada pelas estrelas da NBA Michael Jordan, Magic Johnson, Scottie Pippen, Charles Barkley, Larry Bird, Chris Mullin, Karl Malone, Clyde Drexler, Patrick Ewing, entre outros. Os americanos deram grandes espetáculos, foram campeões olímpicos com uma média de 117 pontos por partida e ganharam todos os jogos com mais de 30 pontos de diferença. Que fantástico teria sido uma final entre o Dream Team e a poderosa URSS…

Recordes e doping

No atletismo viveram-se, igualmente, momentos de grande rivalidade. O jamaicano naturalizado canadiano Ben Johnson e o norte-americano Carl Lewis travaram um duelo apaixonante nos 100 metros com momentos de grande tensão. Ben Johnson diria “foi uma das maiores rivalidades que já existiram no desporto. Tirámos o melhor um do outro”. Em Los Angeles 1984, Lewis conquistou o ouro olímpico e igualou a marca de Jesse Owens, em Berlim 1936, com quatro medalhas de ouro, e Johnson ficou com o bronze. Quatro anos mais tarde, em Seul, Johnson ganhou com novo recorde do mundo (9,79s), mas foi apanhado nas malhas do doping por uso de esteroides e Lewis foi declarado vencedor. Outra grande rivalidade aconteceu entre a Etiópia e o Quénia protagonizada por Haile Gebrselassie e Paul Tergat, dois dos maiores fundistas de sempre, que se defrontaram 19 vezes nas pistas ovais e no corta-mato. Nos jogos de Atlanta 1996, Gebrselassie derrotou Tergat nos 10.000 m, voltando a superar o meu rival em Sydney 2000 por escassos nove centésimos de segundo, foi das corridas de fundo mais excitantes da história.

Os EUA e a Rússia são duas potências mundiais na ginástica artística. A vontade de suplantar o rival na habilidade e desempenho deu origem a uma das maiores rivalidades do desporto, que se mantém até hoje. O momento mais alto aconteceu em Sydney 2000 quando a equipa americana derrotou a Rússia por apenas 0,897 pontos. Ficaram também na história as grandes rivalidades entre pugilistas cubanos e americanos, e entre as seleções de hóquei em campo da Índia e Paquistão, mas aqui por motivos políticos.