Em pouco tempo , o dinheiro físico será abolido na Europa. A UE prepara a introdução do euro digital, emitida pelo Banco Central Europeu. Requiem pela liberdade, pela privacidade e não só…uma moeda virtual assente em dívida pública de estados falidos? Certo é que o processo tem estado em aceleração e estará concluído já para o ano.
Claro que as elites não eleitas e os seus caniches só enumeram as vantagens e vendem este passo como um El Dorado. Também não se cansam de repetir que será opcional embora, paralelamente, estejam a ser introduzidas normas de obrigatoriedade de pagamentos em meios eletrónicos. E também é evidente que não lhes convém dizer já – para melhor aceitação geral – que se pretende que seja mandatário. É velha a técnica de matar os sapinhos cozendo-os lentamente, primeiro em lume brando.
Daqui a nada, notas e moedas pertencerão ao passado. Sumirá o que, durante séculos, foi uma das maiores garantias das liberdades individuais e de soberania nacional. Com um sistema virtual e centralizado, virá a possibilidade do controlo totalitário de todos (leitor incluído), a absoluta perda de anonimato. Chegará também a exclusão de milhares de pessoas que, por uma razão ou por outra, dependem de dinheiro vivo para pequenas transações, por vezes de cêntimos. Aliás, muitos não podem pagar um smartphone e outros, simplesmente não querem. Também deixaremos de ter esse direito?! Se assim for, hordas de desfavorecidos ou meros resistentes advirão cidadãos de segunda e de terceira classe. Os sistemas de castas ou o feudalismo parecerão brincadeiras de crianças.
Ganharão os bancos e os colossais fundos de investimento (meia dúzia de seres humanos) que os controlam já que irão reter, em cada transação, uma taxa. Ou seja, se agora uma nota de 50 euros vai circulando e, ao fim de 10 ou 100 pagamentos, continua a valer 50 euros, já os pagamentos eletrónicos vão comendo partes do total até que, ao fim de algumas trocas, ele já terá sumido totalmente. Será o último degrau da perversão da redistribuição.
Cidadãos e países ficarão subjugados aos caprichos dos não-eleitos. Se Lagarde definir limites para as carteiras digitais ou para as poupanças – para combater a recessão, por exemplo – seremos obrigados a gastar. Mas também pode congelar contas como já aconteceu no Canadá ou no Brasil. Podemos ficar sem um chavo enquanto o diabo esfrega um olho. Literalmente.
E porque é que precisamos de um euro digital?! Afinal, o euro já é digital de forma segura. Este novo dinheiro virtual não visa resolver necessidades mas apenas parir um pretexto para acabar com as notas e moedas. E para quê? Alguém acredita que os tais tubarões brancos terão mais dificuldades em lavar dinheiro quando ele for só eletrónico? Então e a quantidade de fraudes que se verificam com dinheiro digital?! Até se refere explicitamente na proposta que não se trata de dinheiro programável, mas de mais um canal de pagamento, sem as vantagens que a tokenização do dinheiro poderia conter.
A questão é que as reais motivações residem apenas no controlo que, associado ao Passaporte Sanitário Global, criará a Identidade Digital onde tudo será monitorizado, controlado, registado em tempo real.
Reconhecendo este potencial destrutivo, vários países estão a adotar medidas que travem este vórtice maquiavélico . A Eslováquia e a Austrália, incluíram alterações à Constituição para garantir que moedas e notas perdurarão.
Em Portugal, tal representaria um longo caminho, porventura a destempo da célere introdução do euro digital. Mas como por cá ainda é obrigatória a aceitação de dinheiro físico, não existindo sanções legais para quem viole esta obrigação, há que exigir já ao parlamento que aprove um pacote de contraordenações, em caso da não aceitação de notas e moedas. Há que, assim, salvaguardar um dos nossos mais elementares direitos, liberdades e garantias. Ou não?