Foi com perplexidade e vergonha alheia que assisti às várias narrativas sobre as cenas da cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos.
No mínimo, foi bastante inestética, numa estafada sátira à Última Ceia (uma das obras mais parodiadas de sempre) e com jorros massivos da agenda woke. Sobretudo, repugnou-me a participação de crianças em tal espetáculo sexualizado e impróprio para menores. Aliás, acho mesmo que crianças nem sequer deveriam assistir a tal show que, há pouco tempo, teria direito a bolinha vermelha.
Não fosse isso, até se toleraria tal escolha artística embora não corresponda aos meus gostos. Além do mais, ficou patente que o wokismo, que se diz inclusivo, serve para dividir para reinar. Paris 2024 confirma-o.
Não sou cristã, nem sequer batizada. Sou ateia mas educada na humildade de saber que nunca sabemos, na abertura e recetividade ao desconhecido, ao mistério e no respeito por todos os que pensam ou sentem diferente. Neste caso, por todas crenças religiosas ou espirituais.
Sempre teci críticas à Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) fosse pelas benesses da Concordata, fosse pelos abusos sexuais e respetivo encobrimento. Análises racionais e fundadas sim, mas repudio qualquer ridicularização das crenças. E também não se confunda igreja com fé.
Tais críticas à ICAR nunca entraram em conflito com a minha defesa intransigente da liberdade de expressão até porque, embora me desgostem certas caricaturas das convicções dos outros, admito que as façam, como no caso do Charlie Hebdo. Ou seja, não me identifico com esse tipo de humor mas não pretendo a sua proibição.
Logo, compreendo o bruaá que se ergueu com tal imagética e entendo o porquê de tantos católicos (ou crentes) se terem ressentido.
Mas o pior estava para vir. Muita opinião publicada ainda desferiu novos golpes sobre esses mesmos católicos, inclusive apodando-os de incultos. Para tais doutas craveiras, os queixosos não entendem que se tratava de uma adaptação de um quadro de Van Bijlert O Festim dos Deuses e não da Última Ceia de Leonardo da Vinci. Vejamos. Em primeiro lugar, esses fulgentes comentadores é que são ignorantes, desconhecendo que na pintura existe uma relação secular entre a Ceia e a Festa.
Em segundo, a tática de gaslighting abundantemente empregue pelos wokistas é perversa. Tal como aconteceu com Biden, pretende-se que deixemos de acreditar no que vemos e ouvimos, pretende-se que deixemos de crer nas evidências e na realidade. No fundo, afirmam que estamos a alucinar. Trata-se de violência psicológica com a intenção de desorientar a vítima e leva-la a duvidar da sua própria memória, perceção e até saúde mental. Que tal forma de abuso seja banal entre sociopatas já era um dado assente. Que tenha passado a ser uma técnica comum de propaganda entre instituições e do próprio Estado (como aconteceu na covid) é que é uma venenosa novidade.
Biden estava ótimo? Não. Afinal, não havia montagens de imagens, fake news ou conspiracionistas, como repetiram ad naseaum. Biden está mesmo demente. Afinal, como o próprio comité olímpico veio a admitir, aquele triste espetáculo na abertura foi mesmo inspirado na Ceia de Da Vinci. Por isso, afinal, pediram desculpas. Mas, mesmo assim, as tais elites pútridas insistem que não houve escárnio nem wokismo. Afinal, o Ocidente está mesmo um degredo.