Vamos começar pelo mais ‘palpitante’ para os condutores que gostam de acelerar nas estradas portuguesas. Se for multado por essas estradas fora tem uma forte possibilidade de não pagar multa se recorrer da mesma e se o aparelho que o ‘autuou’ não estiver devidamente legalizado. E são muitos que estiveram ‘ilegais’, e ainda são muitos que o estão. Se tem dúvidas vá à página da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR) e navegue pela secção Controlo e Fiscalização e verá, com facilidade, que há radares que, nalguns anos, não foram autenticados e outros que estão em igual situação presentemente.
Nessa mesma lista poderá constatar outra história curiosa, pois os aparelhos que a GNR tem, os radares e alcoolímetros, e são muitos, não constam da lista da ANSR. É só espreitar e ver. Matéria para advogados especialistas na matéria não falta. Se pensarmos que há causídicos que apenas tratam de ‘anular’ multas dos clientes, cobrando 500 euros para o efeito, percebe-se que a ANSR, involuntariamente, dá uma grande ajuda a essa rapaziada.
25 radares por um canudo
Os radares, sejam fixos, móveis, de ‘pistola’, de perseguição ou de outra ordem, têm, supostamente, o objetivo de baixarem a sinistralidade. Em muitos casos, esse princípio não é o mais importante, pois são colocados aparelhos em estradas onde não ocorrem muitos acidentes, mas onde se anda muito depressa…
Mas o Governo, à semelhança do antecessor, sabe que a visão de um radar pode contribuir para os condutores colocarem o pé no travão e foi por isso que anunciou, com pompa e circunstância, a introdução de mais 25 radares, a 5 de julho último, nas estradas portuguesas. No entanto, o Nascer do SOL sabe, de fonte ligada ao processo, que desse número apenas quatro entraram efetivamente em vigor, enquanto os outros 21 apenas são uma caixa oca à espera das máquinas que irão fazer o trabalho. «Os novos radares entraram em vigor na A29, onde, estranhamente, só se pode andar a 80 quilómetros por hora. Além de radares de velocidade instantânea foram introduzidos aparelhos para medirem a velocidade média», explicou ao nosso jornal fonte ligada ao processo.
É muito comum, e não só em Portugal, as autoridades rodoviárias colocarem, supostamente, radares para inibirem os condutores de acelerarem, mas muitos dos referidos aparelhos apenas têm a caixa, isto no casos dos modelos antigos – para o leitor se situar, são os radares baixos, que se veem à beira da estrada. Muitas das caixas, umas vezes estão vazias, outras estão com os devidos radares. Isto porque não há radares para tantas caixas e vão-se mudando de acordo com as autuações. Digamos que se um radar começa a render pouco, é trocado de lugar, onde o efeito surpresa ainda tem alguma eficácia. Já os novos modelos, os de pé alto, não podem ser trocados.
Alan Areal, diretor-geral da Prevenção Rodoviária Portuguesa, tem uma opinião muito clara sobre o assunto. «Na rede de radares, tanto quanto sei, havia 123 em funcionamento, se não me falha a memória. Desconheço se alguns não estão a funcionar. O que se passa em alguns países no estrangeiro é que os radares rodam entre as posições porque, evidentemente, em termos de segurança é mais vantajoso termos a perceção de que estamos a ser fiscalizados. São periodicamente alternados ou movimentados».
Tiro ao radar
Não é modalidade olímpica, mas muitos condutores, principalmente no Alentejo, dedicam-se a dar tiros de caçadeira nos radares de pé alto colocados nas estradas regionais. Outros optam por pintar os aparelhos, embora muitas das vezes o façam no vidro que tem a antena e não o radar propriamente dito. Já um radar em Baleizão, no distrito de Beja, serviu para alguém dar uso à sua motosserra, acabando o equipamento cortado, não se sabe se pela raiz ou se pelo meio, como revelou ao_Nascer do SOL fonte da GNR.
Já em Lisboa, na zona do Areeiro, alguém decidiu fazer uma fogueira no pé do radar, acabando por queimar os fios, deixando o referido aparelho inutilizado.
Velocidade média a meio gás
São uma das grandes apostas da ANSR para combater a sinistralidade, mas, de facto, só 10 dos radares de velocidade média é que estão em funcionamento. Outros tantos apenas têm espaço para se colocar a máquina fotográfica, no princípio e no fim, que depois dará a velocidade média. «São caros e muitos só têm o ‘palhaço’, é assim que chamamos aos radares vazios. Claro que as pessoas não sabem se os aparelhos estão a funcionar ou não e por isso abrandam, que é o que se pretende», acrescenta fonte da PSP.