Os atletas de primeiro plano mundial reúnem-se a cada quatro anos para competirem com o objetivo de irem mais rápido, mais forte e mais alto – essa é a beleza dos Jogos Olímpicos. Em Paris 2024, os grandes campeões confirmaram o seu estatuto e surgiram novas estrelas realizar performances excecionais. A polémica piscina montada na Arena La Defense proporcionou os melhores momentos de Paris 2024, com os nadadores a conseguiram resultados de alto nível. León Marchand levou os franceses à loucura com quatro vitórias e tornou-se uma das principais estrelas da modalidade. O nadador, de 22 anos, venceu as provas de 400 m e 200 m estilos, 200 m costas e 200 m bruços, e, no espaço de hora e meia, ganhou duas finais. Além das medalhas de ouro, estabeleceu recordes olímpicos nas provas que disputou e ganhou 320 mil euros, já que o comité olímpico francês vai premiar com 80 mil euros por cada medalha de ouro. O novo fenómeno da natação mundial está a seguir os passos de Michael Phelps, que conquistou 28 medalhas olímpicas, sendo 23 de ouro! Marchand mora nos Estados Unidos, estuda na Universidade do Texas e é treinado por Bob Bowman, que também treinou o nadador norte-americano, por essa razão já é apelidado de “Phelps francês”. Pan Zhanle foi brutal nos 100 m livres e estabeleceu novo recorde mundial na prova rainha da natação, com a particularidade de o preparador físico do nadador chinês ser o português Nuno Pina. Igualmente impressionante foi a prova de Bobby Finke nos 1500 m onde estabeleceu novo registo mundial, o mesmo aconteceu com a equipa feminina norte-americana que ganhou a estafeta 4×100 m. Finke foi o único a vencer uma prova individual em Paris, o que mostra que a natação americana já teve melhores dias.
Outro momento marcante foi a vitória de Katie Ledecky nos 800 m livres, depois de ter vencido os 1500 m livres. A nadadora já era uma lenda das longas distâncias antes de chegar a Paris. Tinha disputado quatro olimpíadas, conquistado 14 medalhas e é recordista mundial de 400, 800 e 1500 m livres. Com nove medalhas de ouro, junta-se a uma elite composta por Caeleb Dressel (natação), Larissa Latynina (ginástica artística), Carl Lewis (atletismo) e Mark Spitz. Ledecky é também a sexta atleta na história dos jogos olímpicos a conseguir quatro títulos consecutivos na mesma disciplina.
Simone Biles está a confirmar em Paris 2024 que é das melhores de todos os tempos na ginástica artística. A norte-americana conquistou três medalhas de ouro (equipas, all-around e salto) e foi medalha de prata no solo. Simone mostrou-se em grande forma realizando exercícios estratosféricos em velocidade e potência difíceis de igualar pelas rivais, mas duas pequenas falhas no solo e na trave impediram que tivesse feito o pleno. Em termos desportivos, estes foram os Jogos Olímpicos mais difíceis para Simone Biles, que já conquistou sete medalhas de ouro em três presenças olímpicas (Rio, Tóquio e Paris), só a soviética Larisa Latynina tem mais medalhas (9). Com 27 anos, fica a dúvida se a diva da ginástica artística vai estar presente nos jogos de Los Angeles 2028.
No atletismo, destaque para a equipa de estafeta mista dos EUA que bateu o recorde mundial nos 4×400 m com 3:07.41 e para o quebra-recordes Armand Duplantis, que conquistou a medalha de ouro no salto com vara com 6,25 m à terceira tentativa. Durante a sua carreira o atleta sueco bateu o recorde mundial oito vezes.
Polémica no boxe
A participação da pugilista argelina Imane Khelfi causou polémica em Paris 2024, onde já garantiu uma medalha na categoria – 66 kg. O Comité Olímpico Internacional (COI) e a Associação Internacional de Boxe (IBA) não se entendem quanto à participação da atleta. O COI considerou-a elegível para os jogos olímpicos, a IBA desclassificou-a do Mundial de 2023 por ter testado positivo para cromossomas XY, ou seja, masculinos. A polémica ganhou dimensão após o combate com a italiana Angela Carini, que abandonou o ringue aos 46 segundos dizendo que «nunca tinha levado socos tão fortes e que queria preservar a vida», já a argelina limitou-se a dizer «sou uma mulher». O curioso, é que Khelif já tinha participado nos jogos de Tóquio em 2021, onde foi eliminada nos quartos de final. Até agora fez 50 combates na sua carreira, venceu 41 e perdeu apenas nove. Mas nem tudo foi mau no boxe feminino. Cindy Ngamba apurou-se para as meias-finais da categoria -75 kg e garantiu a primeira medalha para a equipa olímpica de refugiados do COI. O boxe tem a peculiaridade de distribuir duas medalhas de bronze, uma vez que não há playoff entre os dois derrotados. É um feito notável para a atleta que nasceu nos Camarões, mas foi forçada a refugiar-se no Reino Unido aos 11 anos por ser lésbica: «qualquer pessoa que seja homossexual corre o risco de ser preso, torturado ou morto», afirmou. A prova de tiro de Yusuf Dikec tornou-se viral pela sua atitude relaxada. Foi com uma mão no bolso e sem óculos especiais que ganhou a medalha de prata na prova de pistola de ar 10 m. «A minha aparência relaxada deixa os meus oponentes nervosos», disse.
A participação de Portugal tem sido uma desilusão e conta apenas com uma medalha de bronze e cinco diplomas olímpicos, atribuídos aos oito primeiros classificados. No meio de tanta mediania salvou-se a judoca Patrícia Sampaio que conquistou a medalha de bronze na categoria – 66 kg. A ginástica foi uma boa surpresa. Gabriel Albuquerque foi 5.º nos trampolins e Filipa Martins conseguiu um feito único que foi participar na final all-around de ginástica artística (20.º). Destaque também para o 5.º lugar de Portugal no triatlo misto.