Dar voz à Venezuela

Urge continuar a dar voz aos que vão sendo calados e silenciados, lutando por um dos bens mais valiosos que o ser humano tem, a liberdade.

A Venezuela foi a votos. Um país onde a liberdade está cada vez mais amordaçada. Prova disso: o Conselho Nacional de Eleições, órgão dependente do regime de Nicolas Maduro, aprontou-se logo a divulgar a vitória eleitoral do Ditador Venezuelano. Mas contrastando com a rapidez do anúncio da vitória, este Conselho Eleitoral pecou na demora, quando em causa estava a publicação local dos resultados e a não divulgação das actas eleitorais. Estaríamos perante o início de uma fraude eleitoral? Na minha opinião sim. Apresento estes argumentos: As sondagens, todas elas, sobretudo as realizadas à boca das urnas, davam a vitória esmagadora à oposição. A matemática duvidosa das percentagens dos resultados eleitorais. Maduro obteve exatamente 51,95%, a oposição conseguiu apenas, e também de forma exata, 43,18%. E a demora na publicação local dos resultados, bem como a proibição de divulgação das atas eleitorais.

A muito custo, a oposição lá conseguiu recuperar 90% das atas eleitorais, significando um triunfo gigante da oposição, com 67%, contra os 30% do ainda Presidente Maduro.

O Centro Carter (CC), convidado pelas Governo venezuelano com o estatuto de observador eleitoral, disse recentemente não ter sido possível verificar os resultados das eleições, responsabilizando as autoridades por uma

 ao declarar Maduro o vencedor. «As eleições presidenciais na Venezuela não se adequaram aos parâmetros e padrões internacionais de integridade eleitoral e não podem ser consideradas como democráticas», indicou o Centro Carter, num comunicado divulgado na sua página na internet.

Em comunicado, o Departamento de Estado dos Estados Unidos da América, através do secretário de Estado Antony Blinken, afirma: «Dadas as provas esmagadoras, é claro para os Estados Unidos e, mais importante, para o povo venezuelano que a oposição obteve o maior número de votos nas eleições presidenciais de 28 de Julho na Venezuela».

O Povo saiu à rua, não para celebrar, mas para protestar. O regime reagiu como sempre, com terror. Os protestos, em cerca de 200 cidades da Venezuela, foram reprimidos com violência. O Governo ordenou a criação de patrulhas militares e policiais de prontidão no país. Os paramilitares, com a conivência da Polícia, enfrentaram, os milhares de venezuelanos que se revoltavam contra a fraude eleitoral.

O meu interesse na Venezuela não apenas na defesa dos valores da democracia e da liberdade. Não é apenas na defesa dos valores do Estado de direito e do humanismo.

É também pelos nossos que lá estão e tentam sobreviver. E estão lá cerca de 600.000 lusodescendentes. E os relatos que nos chegam, é que muitos deles estão a passar por dificuldades, outros abandonaram já o país.

Urge pois, continuar a dar voz aos que, dia após dia, vão sendo calados e silenciados, lutando por um dos bens mais valiosos que o ser humano tem, a liberdade.

Escrever sobre a situação política na Venezuela, não é apenas um desabafo, um tomar partido por um lado ou pelo outro, ou somente uma tomada de posição pública, nem tão pouco o faço por já ter sido membro da Comissão dos Negócios Estrangeiros e das Comunidades Portuguesas.

Escrever sobre este país é ajudar a denunciar um regime autoritário, que prejudica o interesse do Povo e que lhe retira voz, a mesma voz que os Venezuelanos têm o direito de expressar, de forma livre, plural e democrática. Agora sim, é caso para dizer: «Viva a Venezuela Livre!».