Risco da febre hemorrágica Crimeia-Congo é reduzido

O subdiretor-geral da Direção-Geral da Saúde, André Peralta Santos, deixou uma “mensagem de tranquilidade” e disse que a doença representa um risco reduzido para a população.

O subdiretor-geral da Direção-Geral da Saúde (DGS), André Peralta Santos, disse, esta quarta-feira, que a deteção do primeiro caso e óbito por febre hemorrágica Crimeia-Congo (FHCC) representa um risco reduzido e acrescentou que as autoridades estão a reforçar a recolha de carraças.

O responsável, citado pela agência Lusa, deixou uma “mensagem de tranquilidade” e relembrou que este vírus, que se transmite através da picada de carraças infetadas, não se transmite de “pessoa a pessoa”.

André Peralta Santos explicou que a investigação realizada não revelou mais nenhum caso associado ao ao do cidadão português com mais de 80 anos residente em Bragança, que morreu esta sexta-feira, vítima do vírus.

“Efetivamente, tivemos este primeiro caso diagnosticado em Portugal, com óbito a lamentar, mas pensamos que o risco para a população em geral será reduzido e que eventualmente podem existir casos raros e esporádicos. Houve uma intensificação da recolha de carraças para percebermos se pode haver algum foco com carraças que estejam eventualmente infetadas com este vírus”, acrescentou o responsável.

O subdiretor-geral da DGS adiantou que a rede portuguesa de vigilância não identificou mais carraças infetadas com o vírus e que foi aumentada a recolha dos pequenos seres-vivos, “principalmente, na zona norte de Portugal e fronteiriça com Espanha”.

“Estivemos sempre em articulação com os colegas espanhóis e o Centro Europeu de Controlo de Doenças (ECDC, na sigla em inglês), em que fazemos uma avaliação do risco, tendo em conta aquilo que conhecemos da epidemiologia da doença e se temos ou não carraças infetadas. Já comunicámos este caso às redes internacionais. A nossa preocupação mantém-se a mesma; o que reforçámos foi a vigilância das carraças e, eventualmente, dos casos que possam aparecer com sintomas compatíveis com esta doença”, explicou o responsável.

Não havendo ainda uma vacina para a FHCC, o seu tratamento é feito face aos sintomas exibidos pelas vítimas, normalmente febre, náuseas, dores musculares e vómitos.

André Peralta Santos precisou que a doença mais grave apenas se manifesta em cerca de 20% dos casos, com os restantes 80% a apenas registarem sintomas ligeiros, contudo, reforçou que o alerta desta sexta-feira da DGS ainda chamar a atenção dos profissionais de saúde para este possível diagnóstico.

“Se estes sintomas, que são muito genéricos, forem mantidos no tempo, requerem sempre a atenção médica e, a partir do momento em que há este contacto médico, inicia-se a jornada de diagnóstico para perceber se pode ser esta doença (ou outra). (…) Este alerta serve também para reforçar a necessidade de pensarmos na eventualidade desta doença, com o quadro de sintomas relativamente inespecífico que pode apresentar”, referiu.

Os casos de FHCC, de acordo com o responsável, estão a “aumentar nos últimos anos, em especial no contexto de aumento das temperaturas médias no sul da Europa e em Portugal”, com Espanha a registar 16 casos desde 2013.

“No sul da Europa, os invernos mais amenos são um desafio para a saúde pública, porque aumentam o risco de voltarmos a ter as chamadas doenças reemergentes ou até de virmos a ter novas doenças, como a FHCC. Apesar de tudo, temos sistemas de vigilância para as carraças e os mosquitos: a rede REVIVE, coordenada pelo Instituto de Saúde Dr. Ricardo Jorge; e depois, em paralelo, a rede de vigilância humana de notificação de doenças, o SINAVE”, concluiu.