Vender terrenos ou destruir produção? Portugal pode seguir exemplo

Falta de rentabilidade e forte concorrência podem ditar caminho

Mesmo com menos produção, há excesso de vinho a nível mundial e muitos produtores dos mais variados países vão destruindo as vinhas – aproveitando os solos para replantar com novas culturas – ou, até mesmo, vender os terrenos. E Portugal poderá não escapar a esta tendência. Ao i, o presidente da ViniPortugal admite que esse risco existe no mercado nacional, principalmente se as dificuldades económicas e a pressão dos custos continuarem a aumentar. “A falta de rentabilidade, aliada à forte concorrência, pode levar alguns produtores a abandonar a atividade”, refere Frederico Falcão.

E diz que, para evitar esse cenário “é crucial investir em políticas de apoio mais robustas, fortalecer a marca “Vinhos de Portugal”, criando valor acrescentado à Marca, incentivar a modernização do setor e promover cada vez mais a valorização dos vinhos portugueses no mercado global, garantindo a sustentabilidade e o futuro da produção vitivinícola no país”.

Mais otimista está o presidente do Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), Bernardo Gouvêa, que apesar de reconhecer crises em várias partes do mundo, nomeadamente na Austrália, no Chile e em França, acena com medidas adicionais que estão a ser estudadas pelas autoridades comunitárias. “Portugal tem toda a capacidade para se adaptar a novos paradigmas de mercado sem a prossecução de medidas radicais. O setor vitivinícola nacional é resiliente”, referindo que, nos últimos anos, têm sido dadas muitas provas dessa resiliência, como se verificou durante a pandemia. “A melhoria do controlo, por parte das regiões vitivinícolas, tem sido, nos últimos anos, particularmente reestruturada, com planos mais rigorosos e a aplicação de mais recursos financeiros, por parte do IVV, para o controlo. Este trabalho e esforço conjunto, entre todas as CVR e o IVV, está em curso, desde há quatro anos e vai continuar no futuro”.

O responsável afirma também que estão a avançar algumas medidas para o aumento da rendibilidade dos viticultores em algumas regiões. Um desses casos é a eventual limitação dos rendimentos máximos por hectare, nas regiões vitivinícolas “que o possam vir a materializar, tendo em conta uma aposta na qualidade e elevado valor do produto vitícola, em detrimento da oferta em quantidade e de baixo preço”, referindo que este tipo de medida poderá ainda vir a ser, se for essa a estratégia regional, adotada pelas restantes regiões, nas quais estão representados os setores do comércio e da produção, com poder delegado de decisão.