O presidente das Canárias, Fernando Clavijo, decidiu intensificar o confronto com o Governo espanhol sobre a gestão da crise migratória. Propõe ao seu Conselho de Governo iniciar um “debate jurídico” para avaliar a possibilidade de levar o Estado aos tribunais por, segundo ele, existir uma “omissão de funções” na administração dos menores migrantes. Clavijo expressou frustração com o governo de Pedro Sánchez, alegando que as ilhas estão sobrecarregadas, com os centros de menores a operar a mais de 200% da capacidade.
Clavijo espera o apoio do Pacto Canário pela Migração, composto por todas as forças parlamentares locais, exceto o Vox, para apoiar a sua proposta de batalha judicial. Em resposta, o ministro de Política Territorial e Memória Democrática, Ángel Víctor Torres, defendeu a atuação do Governo central e criticou Clavijo por tentar proteger o Partido Popular (PP), que foi contra a reforma da lei de imigração. Torres também criticou líderes do PP, como a presidente da Comunidade de Madrid, Isabel Díaz Ayuso, por adotar posturas de “ultradireita” em questões migratórias. Além disso, Torres destacou a importância de combater desinformação e notícias falsas sobre imigração.
Em entrevista à Canarias Radio, Clavijo afirmou que “o que não pode acontecer é que a emergência se torne a norma” e destacou que, no último trimestre de 2023, chegaram às Canárias 7.398 menores em barcos e caiaques, o que sobrecarregou os recursos de acolhimento. Apesar disso, o Governo das Canárias deu prioridade ao bem-estar dos menores. Clavijo mencionou que todo o trabalho para melhorar a situação culminou na rejeição da reforma da Lei de Imigração pelo Congresso a 23 de julho, devido à oposição do PP, Vox e Junts. Além disso, confirmou que viajará até Ceuta na quarta-feira para tentar alinhar posições com o governo local, que também enfrenta grande pressão no acolhimento de menores migrantes.
Importa referir que, recentemente, mais de 1.800 migrantes desembarcaram nas Canárias no espaço de somente uma semana. Na sexta-feira, a Marinha Real marroquina intercetou uma embarcação que transportava 168 migrantes subsaarianos que tentavam chegar às Canárias.