Portugal foi abalado por um sismo que, apesar de não ter causado danos materiais, despertou uma preocupação que remonta ao devastador terramoto de 1755. Este episódio é mais um alerta da natureza para a fragilidade do nosso território face aos riscos sísmicos e para a vulnerabilidade das infraestruturas.
Portugal tem uma exposição considerável a este risco natural. No entanto, grande parte da população não tem consciência da sua gravidade e, o que é mais preocupante, muitos imóveis e infraestruturas não estão protegidos. A realidade é simples: um sismo de maior intensidade pode, de um momento para o outro, destruir o património das famílias e comprometer as poupanças de uma vida.
Como presidente da Associação Portuguesa de Agentes e Corretores de Seguros, acompanho esta situação e assisto à crescente preocupação no setor segurador. A nossa missão é proteger as pessoas e os seus bens, e não podemos ficar indiferentes a este risco iminente. É por isso que a APROSE tem vindo a sensibilizar o Governo e o Regulador para a necessidade urgente de criar um fundo nacional que cubra os riscos naturais, com particular ênfase no risco sísmico.
A criação deste fundo é fundamental para garantir que, em caso de um evento sísmico, exista uma rede de proteção que minimize os danos financeiros para as famílias e para o Estado. Este mecanismo funcionaria como uma garantia coletiva, que proporcionaria uma maior resiliência económica ao país face a catástrofes naturais.
Mas a responsabilidade de proteção não pode ser exclusivamente pública. No setor privado, verificamos uma falha alarmante: muitos proprietários não têm cobertura de seguro adequada para riscos sísmicos. Mesmo entre os que possuem seguro multirriscos, que inclui algumas proteções básicas, a maioria não está consciente das limitações das suas apólices. É aqui que o papel da APROSE e dos seus mais de dois mil mediadores independentes, se torna ainda mais premente.
Como tal, a APROSE irá lançar uma campanha sobre a importância de se estar devidamente protegido contra riscos sísmicos. Esta campanha terá dois grandes objetivos.
Consciencializar as pessoas sobre a necessidade de terem cobertura específica para riscos sísmicos. Num país como Portugal, onde o risco é real e as consequências de um sismo podem ser devastadoras, é impensável que esta proteção continue a ser negligenciada.
O segundo objetivo é garantir que, para quem já possui algum tipo de cobertura, esta seja devidamente ajustada às suas necessidades. Muitas vezes, as pessoas acreditam estar protegidas, mas, quando confrontadas com um sinistro, descobrem que as suas apólices são insuficientes para cobrir os prejuízos. Queremos que cada proprietário saiba exatamente sobre que património e riscos o seu seguro é capaz de fazer responder em caso de sinistro, minimizando assim as consequências financeiras de um sismo.
A nossa campanha de sensibilização será uma oportunidade para agentes e corretores de seguros dialogarem com os seus clientes, oferecendo-lhes aconselhamento e promovendo uma revisão das suas apólices. Esta é uma responsabilidade que não podemos ignorar.
O risco sísmico é uma realidade e, como tal, não pode continuar a ser negligenciado. Queremos garantir que, quando o próximo abalo acontecer, os portugueses estejam protegidos. É este o compromisso da APROSE.
Presidente da APROSE