A indústria de cruzeiros recupera dos efeitos devastadores da covid-19, mas muitos destinos estão a reconsiderar a presença destes navios gigantescos. Cidades europeias como Veneza, Barcelona e Marselha têm implementado restrições para conter o impacto ambiental, social e económico do turismo de cruzeiros. Veneza, por exemplo, proibiu grandes navios de entrarem no seu centro histórico para proteger o seu património, enquanto Barcelona estuda reduzir para metade o número de desembarques.
Fora da Europa, localidades como Monterey, na Califórnia, e Bar Harbor, no Maine, também tomaram medidas para limitar o número de cruzeiros, preocupadas com a poluição e o impacto sobre a qualidade de vida. A população de Bar Harbor, por exemplo, pediu restrições depois de sentir que estavam a ser “invadidos” pelo fluxo de turistas.
Embora os cruzeiros sejam defendidos pela sua contribuição para as economias locais, estudos sugerem que os passageiros gastam menos do que se pensa. Em Bergen, na Noruega, até 40% dos passageiros nem sequer desembarcam e os que o fazem gastam em média menos de 23 euros. A indústria de cruzeiros argumenta que está a adotar medidas para reduzir as emissões de carbono e melhorar o seu impacto ambiental, mas o debate sobre a sua presença continua a crescer em todo o mundo.
Relativamente a Portugal, em 2023, o Porto de Lisboa recebeu um total de 758.328 passageiros de cruzeiros, um aumento de 54% em relação a 2022, superando o recorde anterior de 2018, com 577.603 passageiros. Desses, 554.324 estavam em trânsito (+37%) e 204.004 faziam parte do segmento ‘turnaround’ (+131%), com 102.680 embarques e 101.324 desembarques.
O impacto económico direto da atividade de cruzeiros na capital ultrapassou os 83 milhões de euros. De acordo com um estudo, os passageiros embarcados gastam em média 367 euros na cidade, enquanto os em trânsito gastam 82 euros. Os dados são do Estudo de Impacto Económico da Atividade de Cruzeiros em Lisboa, promovido pela APL, em parceria com a LCP e realizado pela Netsonda e a Nova SBE.
No ano passado, o principal mercado de cruzeiros foi o Reino Unido (38%), seguido pelos EUA, que cresceram 116%, ultrapassando a Alemanha. O Canadá também registou um forte aumento e Portugal ficou em quinto lugar.