Um aniversário especial A atriz italiana Sophia Loren é uma das poucas estrelas remanescentes da Era de Ouro de Hollywood, conhecida pela sua beleza, talento e longevidade. Ao longo de variadas décadas, desafiou estereótipos e abriu portas para outras atrizes estrangeiras em Hollywood, tornando-se um ícone tanto no cinema europeu quanto no americano. Celebrou o seu 90.º aniversário com cerca de 150 pessoas.
A lenda de Hollywood Sophia Loren celebrou o seu 90.º aniversário na última sexta-feira com uma gala e uma festa em Roma, rodeada de familiares, amigos e convidados especiais. A atriz italiana, vencedora de um Óscar e uma das últimas estrelas da Era de Ouro de Hollywood, foi homenageada pelo ministério da cultura de Itália, pelos estúdios de cinema Cinecittà e pelo Archivio Luce, num evento privado no The Space Cinema Moderno, na Piazza della Repubblica.
Durante a gala, Loren recebeu um prémio prestigiado em reconhecimento pela sua brilhante carreira, que começou na capital italiana no início dos anos 1950. «Amo esta cidade, onde tudo começou. Cheguei a Roma com a minha mãe quando tinha 15 anos e comecei a trabalhar como figurante», disse Loren na semana passada. «Foi uma escolha que mudou o rumo da minha vida».
A cerimónia foi seguida de uma festa na esplanada do exclusivo hotel Anantara Palazzo Naiadi, onde os convidados especiais brindaram à icónica atriz de cinema, que usou um vestido desenhado pelo seu amigo Giorgio Armani. O hotel assinalou o evento ao inaugurar a Suite Sophia Loren, decorada com rosas brancas, as preferidas da atriz, uma pintura de Pozzuoli, a pequena cidade perto de Nápoles onde ela cresceu, e uma seleção de fotos de família e dos seus livros favoritos.
A estrela esteve acompanhada pelos seus filhos, Edoardo e Carlo Ponti, as suas noras, os seus quatro netos, a sua irmã Maria Scicolone e as sobrinhas Alessandra e Elisabetta Mussolini, juntamente com amigos e colegas do mundo do cinema. Ao todo, a artista contou com a presença de aproximadamente 150 pessoas. Para além disso, a emissora pública italiana marcou o momento com a exibição de documentários, imagens de arquivo e filmes protagonizados pela lendária atriz, que será também homenageada com uma retrospetiva dos seus filmes no Academy Museum, em Los Angeles, em novembro.
O percurso de um ícone
Também na última sexta-feira, os principais jornais italianos relembraram a extraordinária e longa carreira de Sophia Loren. Durante a sua carreira, contracenou com os maiores atores da época, desde Anthony Quinn e Clark Gable, até Marlon Brando, Cary Grant, Peter Sellers, John Wayne e Frank Sinatra.
O jornal La Repubblica destacou o aniversário de Loren juntamente com o de Brigitte Bardot, que completará 90 anos a 28 de setembro. «Magníficas nonagenárias», escreveu o jornal, acrescentando que a dupla «redefiniu o imaginário feminino do século XX». A emissora pública italiana Rai programou a reexibição de vários dos seus filmes, incluindo uma versão restaurada de Matrimónio à Italiana, ao lado de Marcello Mastroianni, o seu co-protagonista favorito, que faleceu em 1996. A escolha da Rai incorpora várias datas importantes: o 60.º aniversário do filme, lançado em 1964, o centenário do nascimento de Mastroianni a 26 de setembro de 1924 e os 50 anos da morte do diretor Vittorio De Sica.
Mas recuemos. Sofia Villani Scicolone cresceu em condições humildes, mas foi descoberta em concursos de beleza e começou a aparecer em pequenos papéis no cinema italiano. Aos 15 anos, mudou-se para Roma com a sua mãe, onde começou a sua carreira como figurante em filmes de Cinecittà, o grande estúdio de cinema italiano. Em 1957, Loren casou-se com o produtor de cinema Carlo Ponti, que teve um papel fundamental no desenvolvimento da sua carreira. O casal teve dois filhos, Carlo Jr. e Edoardo Ponti.
Durante os anos 50, começou a atrair atenção internacional, especialmente após a sua estreia em Hollywood com o filme The Pride and the Passion (1957), ao lado de Cary Grant e Frank Sinatra. Este período marcou o início da sua carreira como uma das atrizes italianas mais famosas do mundo. Em 1961, Loren fez história ao vencer o Óscar de Melhor Atriz pelo filme Duas Mulheres (La Ciociara), dirigido por Vittorio De Sica. Foi a primeira vez que uma atriz ganhou o prémio por um papel falado em italiano. Este prémio solidificou a sua posição como uma estrela internacional.
Em 1991, Loren foi homenageada com um Óscar Honorário pela sua carreira, em reconhecimento pela sua contribuição para o cinema mundial. Continuou a atuar ao longo das décadas, em filmes como Pret-a-Porter (1994) de Robert Altman, consolidando ainda mais o seu legado como uma das grandes atrizes da sua geração. Viúva desde a morte do seu marido, o produtor Carlo Ponti, em 2007, Loren fez um regresso à televisão italiana em 2010, num filme sobre a sua vida, onde interpretou a sua própria mãe.
Em 2014, ao completar 80 anos, Loren publicou a sua autobiografia, Ontem, Hoje, Amanhã. Em 2020, aos 86 anos, Loren protagonizou o filme Rosa e Momo (The Life Ahead), dirigido pelo seu filho, Edoardo Ponti. A sua interpretação foi amplamente aclamada, sendo vista como um dos momentos altos da sua carreira tardia.