Direito de Resposta da Embaixada da Polónia

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Foi com surpresa, ou até com consternação, que li o artigo “Ministro dos Estrangeiros da Polónia com saudades de Auschwitz?”, publicado no dia 20 de setembro no semanário Nascer do Sol e no dia 24 de setembro no site do Nascer do SOL.

Colocar no contexto de Auschwitz o Ministro dos Negócios Estrangeiros da Polónia – país que viveu a ocupação por parte da Alemanha nazi, perdeu 6 milhões de pessoas na Segunda Guerra Mundial, onde ocorreu a tragédia da Shoah, na qual perderam a vida também polacos – é uma vergonha para a autora do texto e ofende a memória das vítimas, bem como o bom senso dos leitores, num país que teve a sorte de evitar esta guerra terrível.

Respeitamos os esforços de Portugal que visam apoiar a Ucrânia em luta. Cumpre, no entanto, recordar que em 2022 foram os polacos que acolheram 1,6 milhões de refugiados ucranianos nas suas próprias casas e prestaram um significante apoio militar. O Estado polaco apoia as crianças e as famílias ucranianas. Basta dizer que o montante total da ajuda à Ucrânia, militar e não militar, é de 3,3% do nosso PIB, aproximadamente 100 mil milhões de PLN (aproximadamente 23,5 mil milhões de euros).

Os soldados ucranianos que lutam e morrem pela sua pátria não compreendem porque é que os seus compatriotas que permanecem no estrangeiro evitam o alistamento e recebem assistência social nos países europeus. A proposta do Ministro Sikorski de retirar esta assistência apenas àqueles que fogem ao serviço militar, é apoiada pelas autoridades ucranianas. Cumpre recordar que a Constituição da República Portuguesa, no seu artigo 276.2, também impõe a obrigação de defesa da Pátria. O Ministro Radostaw Sikorski, ao contrário das sugestões da autora, não propõe a deportação, e muito menos a colocação de cidadãos ucranianos em campos. Tais cidadãos não perdem o direito de circular em todo o espaço Schengen, incluindo em Portugal.

Dorota Barys
Encarregada de Negócios a.i. da República da Polónia na República Portuguesa