A situação é difícil. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu tem prolongado a guerra para benefício próprio, sabendo que o dia em que o cessar fogo for atingido provavelmente sairá do governo e será julgado pelos crimes de que está indiciado.
Os israelitas estão fartos da guerra e de tudo o que ela traz. Contestação nacional, internacional, o porquê de continuar em Gaza. Apenas querem os reféns de volta. Sabem que a história com os palestinianos e com Gaza não acaba com esta guerra.
Porém, no que toca ao Hezbollah a história é diferente. Sentem que se deve continuar a atacar até o Hezbollah não ser uma ameaça para Israel, em especial para as pessoas do Norte. São pessoas que sofrem todos os dias e cidades inteiras foram evacuadas. Sentem que o Irão é o grande responsável, mas também uma ameaça direta mais séria. O sentimento geral é que tem de ser até acabar com o Hezbollah, apesar dos riscos. Nesse aspeto “Bibi” ganhou mais apoio, com manobras populistas que vão ao encontro do sentimento da maioria dos israelitas.
Na terça-feira, as notícias informaram-nos que os americanos avisaram de um ataque iminente nas horas seguintes. A população está sempre atenta à mudança de diretrizes, como o cancelamento de atividades culturais, educacionais e outras sempre e quando os locais não têm capacidade de proteção (bunker) para todos. Foi criado um novo sistema que envia mensagens para todos os telemóveis dos israelitas, mesmo sem ligação à internet, para que se abriguem nos bunkers. Neste caso específico aconteceu assim que detetaram que o Irão lançou o ataque (15 min entre o Irão e Israel). O sistema normal de alarme é acionado quando há a possibilidade de os mísseis ou estilhaços caírem em zonas específicas.
Tivemos 3 ou 4 alarmes na terça-feira. Assim que a situação se altera, todos os cidadãos recebem uma mensagem a dizer que podem sair dos bunkers.
O futuro é algo de difícil análise. O Irão tem receio da resposta de Israel e dos EUA, mas tem de mostrar os dentes e marcar a sua posição em relação a tudo o que tem acontecido no Médio Oriente. Uma invasão terrestre no Líbano é algo que os israelitas receiam devido às baixas no exército (população civil e militar não têm grande diferenciação para os locais), mas Israel está preparado para lidar com todas as frentes, sempre e quando se mantenha perto das suas fronteiras.
Todos neste país estão a fazer um sacrifício enorme, seja a combater ou economicamente. A economia está a regredir e os ratings a baixar. Mas todos sentem que juntos vão conseguir. Ao longo da história, os israelitas já demonstraram que o sentimento de união é um dos principais motores que mantém o seu Estado – que sofre ameaças desde a data de fundação – no rumo do desenvolvimento.