A designada extrema-direita venceu na Áustria e está a crescer por toda a Europa mais civilizada. Transformamo-nos em legiões de nazis e fascistas em meia dúzia de anos?
Nos últimos anos os resultados desses partidos políticos passaram de um pequeno dígito inexpressivo, para dois dígitos consideráveis na maior parte dos países. Em França, a dita extrema-direita, designação atribuída pelo sistema liberal progressista, ganhou as eleições em número de votos, na Alemanha a AfD cresce substancialmente, Inglaterra e Itália são outros exemplos, e até os países nórdicos têm vivido essa nova realidade que a Leste já não surpreende. Em breve chegará às zonas mais pobres da Europa ocidental, com mais força até que a já existente, ou seja, à Ibéria.
O sistema tem forjado coligações contranatura que só o descredibiliza, por exemplo, entre a direita do sistema, conservadores e esquerda radical, liberais e socialistas, etc.
O ‘sistema’ e os seus comentadores de serviço continuam sem ser capazes de compreender o que está a acontecer. Debitam uma espécie de récita patética que nada explica: ‘Vem aí o fascismo’, ‘a democracia está em perigo’, ‘o populismo’, e a vulgata, das fake news, do discurso do ódio e de séquito de fobias, iludindo o essencial.
Foram os democratas do sistema que corroem e falsificaram a democracia e a cidadania. Foram eles que muscularam a designada extrema-direita. A originária e arqueológica, despertou timidamente nos anos 80, mas oscilava entre uma direita ‘caceteira’ e uma espécie de saudosismo estético dos aspetos menos recomendáveis de outras épocas e não muito capacitada para gerar um interesse mínimo na sociedade. O que temos agora é algo muito diferente, outro tipo de pessoas, de programa e conteúdos e até de recetividade. E cada vez mais pessoas, especialmente os jovens, estão recetivas a esses conteúdos referidos à realidade de cada indivíduo. Pensemos na falta de oportunidades e de futuro para os mais novos. Estas novas gerações serão as primeiras a viver pior que os pais desde a II Guerra.
O liberalismo como projeto democrático falhou. Transformou-se numa ideologia meramente económico-financeira transnacional e global, indiferente às pessoas e às soberanias nacionais.
A esquerda decente e democrática foi eclipsada pela esquerda pós-moderna, de gente que vive nas universidades, nas redações dos média e dos ativismos de nicho, sem qualquer contacto com o real e tentando impor uma engenharia societal que nada tem a ver com a vida das pessoas comuns.
O socialismo e a social-democracia degradaram-se, já não têm ideologia, apenas interesses e estratégias de poder. Os seus melhores transformaram-se em bons funcionários desse poder transnacional, ocupando depois cargos na União Europeia e nas grandes corporações.
O que é esta extrema-direita, ainda não é bem percetível, nem eles propriamente sabem. Uma coisa é certa, é o tempo deles e não são fascistas. O fascismo acabou nos anos 40 na Europa, (exceto na exótica Ibéria), e o novo fascismo é o consumismo.
A grande questão consiste em saber como reagirá o verdadeiro poder, o grande capital, as oligarquias globalistas e transnacionais perante esta novidade que veio para ficar. O grande consenso já foi quebrado, veja-se a posição dos magnatas das tecnológicas.