Um novo estudo, apresentado hoje no Congresso Europeu de Medicina de Emergência, na Dinamarca, aponta que as alterações climáticas terão um impacto significativo nos serviços de emergência médica. O relatório, que será publicado no European Journal of Emergency Medicine, destaca que, de acordo com Roberta Petrino, coautora do estudo, “as nossas conclusões mostram claramente que se espera que as alterações climáticas tenham um impacto significativo nos serviços de emergência médica”.
O estudo analisou respostas de 42 grupos de especialistas em medicina de emergência de 36 países, abrangendo 13 regiões globais. Os participantes foram questionados sobre a preparação dos seus sistemas de saúde para as mudanças climáticas. Luis Garcia Castrillo, professor de medicina de emergência, explicou que os especialistas avaliaram o impacto esperado das alterações climáticas numa escala de zero a nove, com a média a situar-se em sete, tanto para os cuidados de emergência atuais quanto futuros.
Segundo as conclusões, o impacto das mudanças climáticas nos serviços de emergência pode ser igual ou até superior ao que se prevê para os sistemas de saúde em geral. Contudo, apenas 21% dos especialistas relataram que foram feitas avaliações dos seus efeitos e 38% afirmaram que medidas de mitigação já foram implementadas. “É surpreendente como falta consciência em tantos países”, sublinha Luis Garcia Castrillo, acrescentando que os efeitos serão sentidos tanto em países ricos quanto pobres.
Entre os principais riscos identificados estão a poluição, as inundações e as ondas de calor, considerados os maiores perigos a nível global. Nos países de rendimentos elevados, os riscos mais relevantes foram as ondas de calor, vagas de frio e incêndios florestais, especialmente pelo aumento no número de doentes que estes eventos climáticos podem gerar. Já nos países de rendimento baixo e médio, as principais preocupações estão relacionadas com o impacto das alterações climáticas na produção de alimentos e na disrupção dos serviços de saúde.
Regiões como a Australásia, América Central e África subsaariana demonstraram maiores preocupações com a transmissão de doenças por vetores, eventos meteorológicos extremos e escassez alimentar, comparativamente com as regiões europeias. Especialistas da Europa do Norte e do Mediterrâneo Oriental também expressaram preocupação com o deslocamento em massa de pessoas e interrupções nos serviços essenciais.
Em resposta a estas conclusões, a Sociedade Europeia de Medicina de Emergência apelou à implementação de planos de mitigação por parte das nações, alertando para a necessidade de preparação. A organização anunciou ainda a criação de um grupo de trabalho permanente para monitorizar ações que visem minimizar os impactos das alterações climáticas nos serviços de emergência médica.