ONU denuncia “situação insuportável” para civis em Gaza

Apesar das tentativas contínuas de entrega de suprimentos humanitários essenciais, a ONU indica que as autoridades israelitas têm bloqueado o acesso.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou-se chocado com os “níveis horrendos de morte, ferimentos e destruição” no norte de Gaza, no contexto de uma intensa operação militar israelita, segundo afirmou o seu porta-voz neste domingo.

Desde o início da ofensiva israelita, centenas de pessoas já perderam a vida, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, e mais de 60 mil estão novamente deslocadas, muitas temendo não regressar a casa. Relatos indicam que civis estão presos sob escombros, enquanto doentes e feridos enfrentam a falta de cuidados médicos essenciais, além da escassez severa de alimentos e abrigo, num contexto que inclui separações familiares e detenções em massa.

“A situação dos civis palestinianos presos no norte de Gaza é insuportável”, declarou o porta-voz do líder da ONU. Guterres alertou que a “devastação e privação generalizadas” causadas pelas operações militares israelitas – especialmente nas áreas de Jabalya, Beit Lahiya e Beit Hanoun – tornaram a vida “insustentável” para a população palestiniana local.

Apesar das tentativas contínuas de entrega de suprimentos humanitários essenciais, incluindo alimentos, medicamentos e abrigo, a ONU indica que as autoridades israelitas têm bloqueado o acesso, salvo raras exceções, colocando incontáveis vidas em risco.

A crise é agravada pelo adiamento da fase final da campanha de vacinação contra a poliomielite no norte de Gaza, o que coloca milhares de crianças em perigo.

“Este conflito continua a ser travado com pouco respeito pelos requisitos do direito humanitário internacional”, frisou o comunicado. Guterres sublinhou que as partes do conflito devem respeitar e proteger os civis, incluindo trabalhadores humanitários e socorristas, cujo trabalho essencial deve ser facilitado e protegido, não dificultado e colocado em risco.

“Em nome da humanidade, o secretário-geral reitera os seus apelos por um cessar-fogo imediato, a libertação imediata e incondicional de todos os reféns e a responsabilização por crimes ao abrigo do direito internacional”, concluiu o comunicado.