Foi um susto para Bruxelas mas, no fim da contagem dos votos, o Sim ganhou no Referendo da Moldávia. Por pouco, à tangente, com 50,38% dos votos. E a pergunta nem era se a Moldávia concorda com os termos da negociação de adesão à União Europeia. Era, muito simplesmente, se devia ser inscrito na Constituição um artigo apontando como ‘desígnio nacional’ essa eventual adesão. E em democracia, e para mais num referendo vinculativo, por um voto se ganha, por um se perde.
Já bem mais interessante é perceber as razões porque um país em que a população, maioritariamente, sempre foi a favor dessa adesão, e agora quase desistia desse futuro. Num curto universo de um milhão e meio de votos, a compra de mais de cento e cinquenta mil ‘não’ pelo oligarca moldavo Ilan Shor, evadido em Moscovo para escapar à sentença de prisão pela evasão de mais de mil milhões de euros, teve certamente o seu peso. Mas outros dois fatores são bem mais preocupantes: a constatação de que a Comissão Europeia nada fez nestes 5 anos do primeiro mandato de Ursula von der Leyen para acelerar os processos de candidaturas, desprezando o mérito de cada caso, e empolando apenas o fator político para pugnar pela rápida adesão da Ucrânia. No mandato anterior, Juncker foi bem mais honesto anunciando uma ‘pausa’ de cinco anos, mas Ursula preferiu distribuir sorrisos sem compromissos e nada progredindo. No caso da Moldávia e em todos os outros. Daí ser legítimo a população ter a perceção de que está cansada de ser enganada, com promessas vãs que nunca se materializam. E, se é assim, outro fator toma um peso decisivo: medo! Medo de Putin, medo de ver o seu país sofrer uma invasão idêntica à da vizinha Ucrânia. Já lhes chegam os militares russos na Transnistria! E esta batalha ainda não está ganha: a segunda volta das Presidenciais, a 3 de novembro, está totalmente aberta, e uma derrota de Maia Sandu significará um retrocesso no processo de adesão e uma vitória de Putin sobre von der Leyen.
O Deputado apanhado
A semana passada um Deputado francês foi interpelado em flagrante delito pela Polícia numa Estação de Metro de Paris ao comprar a um dealer menor de idade uma droga sintética, a 3-MMC, uma droga que replica os efeitos da cocaína mas custa metade do preço.
Seu nome, Andy Kerbrat. Raros foram os órgãos da comunicação social que difundiram a notícia. Imagine-se que o Deputado por Nantes era do Partido da senhora Le Pen: o Coro teria sido bem ruidoso! Mas não! O Deputado, de 34 anos, é do Partido ‘A França Insubmissa’, do senhor Melanchon, o partido irmão do Bloco de Esquerda. Mais: no comunicado que difundiu confirmando o sucedido, Kerbrat ainda se permitiu criticar o jornal próximo de Le Pen que se ‘atreveu’ dar a notícia inicial!
Para todos os que não noticiaram este comportamento condenável a razão invocada será certamente ‘liberdade de imprensa’. A verdade a que temos direito!
O PCP tem razão
Foi triste ver o PSD e o PS votarem com o Bloco de Esquerda, o PC e o Livre contra o reconhecimento da vitória de Edmundo González como Presidente eleito da Venezuela, e o CDS abster-se. A democratas não lhes fica bem ver um povo ser defraudado e o seu voto usurpado, e reagirem desse modo.
O PCP publicou um comunicado em que afirma que «não são os Estados Unidos e a União Europeia que escolhem quem é o Presidente da Venezuela». Por uma vez, tem o PC toda a razão! É do PCP a frase «o povo é quem mais ordena». Pois os únicos que podem escolher quem deve ser o Presidente da Venezuela são o seu povo! E, como o PCP bem sabe, fizeram-no! Apesar de todos os condicionalismos, votaram massivamente contra o camarada Maduro. Quando por uma vez têm razão, ‘esqueceram’ completar a frase: quem escolheu foram os venezuelanos! Respeite-se a sua vontade! E, claro, como o PC bem sabe!
Politólogo