Afinal, o que é a Cidadania?

A Cidadania não se pratica apenas em grandes manifestações, ela também se manifesta nas pequenas decisões e ações diárias que refletem o nosso compromisso para com a comunidade.

Nos dias de hoje, a palavra «Cidadania» é usada em muitos contextos e quase sem significado, em particular desde discussões sobre direitos humanos, na política e até em campanhas de sensibilização social e educação nas escolas. No entanto, com a frequência de uso, a sua verdadeira essência tende a ser distorcida ou, ainda pior, esquecida. Afinal, o que significa realmente ser um cidadão e qual é o verdadeiro propósito da Cidadania? 

A Cidadania, no seu verdadeiro significado, mais do que um estatuto ou um conjunto de direitos, é uma responsabilidade e um exercício constante de pertença e participação. Ela vai muito mais além da simples posse de um cartão de cidadão ou do direito ao voto. A Cidadania é especialmente um compromisso para com a sociedade em que vivemos. Ser ser Cidadão implica reconhecer que fazemos parte de uma comunidade, logo, todos os atos praticados, por mais simples que sejam, têm um impacto enorme no bem-estar comum. A Cidadania exige harmonia social.

Contudo, é de lembrar que um dos aspetos essenciais da cidadania é a consciência dos direitos e deveres que nos assistem. Todos ambicionamos quer viver numa sociedade justa, segura e feliz, mas, para que isso seja possível, é fundamental que em cada um de nós, ou seja, que cada cidadão esteja consciente dos direitos que possui e, simultaneamente, dos deveres que são necessários para garantir a convivência saudável entre todos. O Cidadão não pode só reivindicar os seus direitos de liberdade de expressão e de igualdade de oportunidades, tem também que estar disposto a cumprir com os nossos deveres. 

Além disso, uma sociedade onde os cidadãos apenas criticam as instituições e esperam que as mudanças ocorram de forma passiva não é uma sociedade viva. Para que o conceito de Cidadania ganhe vida, é preciso que haja participação, envolvimento em causas comunitárias, debate, promoção pelo respeito e solidariedade para com os outros. A Cidadania não se pratica apenas em grandes manifestações, ela também se manifesta nas pequenas decisões e ações diárias que refletem o nosso compromisso para com a comunidade.

Há, igualmente, uma vertente ética que não pode ser ignorada. Cidadania é também empatia e respeito. É olhar para o outro e perceber que, tal como nós, ele possui os mesmos direitos e merece igual dignidade. Vivemos numa era marcada pela diversidade e pela mobilidade global, e a cidadania, mais do que nunca, precisa de ser inclusiva. Não se pode falar de cidadania sem integrar a ideia de respeito pelas diferenças, sejam elas culturais, religiosas ou de opinião.

Também não se pode descurar que a Cidadania é um conceito dinâmico, que evolui com o tempo e com as necessidades da sociedade. O que era considerado um direito há décadas pode ser irrelevante hoje. E é nesse sentido que se deve discutir a Cidadania digital, um conceito recente, mas decisivo no mundo atual, onde a presença do Cidadão online é quase tão relevante quanto a sua presença física.

Cidadania é Participação, Responsabilidade e Empatia. É entender que o bem comum não é apenas um conceito abstrato, mas sim o reflexo de ações concretas, onde cada um de nós tem um papel importante a desempenhar. É uma construção contínua que exige de cada Cidadão o compromisso de contribuir, respeitar e agir de forma consciente para que todos possamos viver numa sociedade mais justa, solidária e humana.

Doutorando em História Contemporânea
NOVAFCSH