Passaram 21 anos desde o último voo do Concorde, o avião comercial supersónico que atingia a velocidade de 2180 km/h (Mach 2,04) e ligava Paris a Nova Iorque em 2 horas, 52 minutos e 59 segundos – foi a viagem transatlântica mais rápida de sempre. Significava isso que, devido à diferença horária, chegava a Nova Iorque antes do horário da descolagem em Paris. O custo estimado de cada unidade era 28 milhões de euros, podia transportar até 120 passageiros e uma viagem intercontinental custava 10 mil euros.
Desde então, muita coisa mudou. A busca incansável pela inovação promete trazer mudanças significativas e criar soluções inovadoras e viradas para a sustentabilidade no setor da aviação comercial. Não se sabe se o futuro da aviação será elétrico ou movido por combustíveis alternativos. Mas uma coisa é certa: será supersónico. Várias empresas começaram a trabalhar no desenvolvimento de aviões comerciais capazes de voar a velocidades superiores à velocidade do som.
Mais recentemente a empresa suíça Destinus fez saber que vai avançar com uma solução supersónica para ligar o mundo chamada Destinus S. «A velocidade estagnou, limitando o alcance e o tempo de viagem. O compromisso com o voo hipersónico está no centro da nossa missão de revolucionar a indústria da aviação», disse Oleksandr Danylyuk, vice-presidente da Destinus. «Com uma mentalidade inovadora, pretendemos desenvolver aeronaves autónomas capazes de transportar passageiros em todo o mundo», afirmou ainda.
O avião comercial Destinus S é movido exclusivamente a hidrogénio e promete revolucionar as viagens de longa distância, já que demora apenas 90 minutos para ligar Paris a Nova Iorque. Atinge uma velocidade de cruzeiro de 5000 km/h, ou seja, cinco vezes superior à velocidade do som (Mach 5), voa a 33 quilómetros de altura (três vezes mais alto do que as aeronaves tradicionais) e tem um alcance máximo de 10.000 quilómetros. O Destinus S pesa 45 toneladas, mede 40 metros de comprimento e tem uma envergadura de 18 metros. Importa lembrar que, atualmente, um avião comercial demora oito horas e meia a ligar as duas cidades.
Avião com emissões zero
O Destinus S tem um design futurista e uma aerodinâmica apurada, na verdade não se parece com nenhum avião, e está mais próximo de um gigante drone, com uma grande entrada de ar na frente. Este avião supersónico funciona a hidrogénio, um combustível com uma densidade energética muito superior à do querosene tradicional, isso torna-o duas vezes mais rápido que o mítico Concorde. De salientar que o hidrogénio pode ser produzido em grande escala através de processos ecológicos, nomeadamente com recurso a energias renováveis, como a solar e a eólica, para a eletrólise.
Na prática, o Destinus S aproveita o turbojet para a descolagem e aterragem e o foguete criogénico ramjet para alcançar velocidades superiores, conseguindo com os dois sistemas uma elevada eficácia energética. Esta tecnologia juntamente com o hidrogénio garante que o avião emite apenas vapor de água, colocando-se na vanguarda da aviação em termos de sustentabilidade. A eficiência desse combustível permite fazer voos mais longos que o normal. Estas aeronaves não fazem o estrondo sónico causado pelo Concorde por isso podem fazer viagens intercontinentais via Terra.
O Destinus S pode transportar 25 passageiros e deverá estar operacional entre 2032 e 2035. O plano de desenvolvimento passa por lançar o Destinus M em 2035 com uma capacidade para 100 pessoas e, em 2040, o modelo L capaz de transportar 400 passageiros e voar a Mach6. Vai ter uma tripulação especifica, embora a versão Cargo possa ser pilotada remotamente, auxiliada por Inteligência Artificial. Existe um centro de controlo para monitorizar os voos e atualizar ou assumir o controlo do avião se necessário. A Destinus já realizou dois voos experimentais com o protótipo Destiny 3 para validar o modelo e o sistema e, em 2025, voltará a realizar testes com hidrogénio líquido com o objetivo de atingir velocidades supersónicas.
Criada em 2021, a Destinus é uma empresa especializada em sistemas de voo autónomos para aplicações civis e militares. Tem um amplo portefólio de produtos que cobrem todas as velocidade, desde a subsónica até à futura hipersónica. A experiência abrange o design de sistemas, fuselagens, motores turbojet, software de voo e Inteligência Artificial. A Destinus tem cinco escritórios em todo o mundo e 200 pessoas altamente motivadas, 75% deles são engenheiros com experiência em empresas aeroespaciais líderes, incluindo sete doutorados. Além de desenvolver aviões comerciais esta empresa tem outros produtos para fins militares e de espionagem. Com efeito, os sistemas hipersónicos estão entre as maiores prioridades na estratégia de modernização da defesa de grandes potências mundiais.