Ex-membros do Grupo dos Nove recusaram participar nas celebrações do 25 de Novembro

O general Pedro de Pezarat Correia e o coronel Rodrigo de Sousa e Castro, membros iniciais do Grupo dos Nove, disseram, em declarações à agência Lusa, que receberam um convite para marcar presença na sessão solene do 25 de Novembro, que vai decorrer esta segunda-feira no parlamento, mas que decidiram recusar.  

Pezarat Correia e Sousa e Castro recusaram participar na sessão evocativa do 25 de Novembro de 1975 na Assembleia da República.  

O general Pedro de Pezarat Correia e o coronel Rodrigo de Sousa e Castro, membros iniciais do Grupo dos Nove, disseram, em declarações à agência Lusa, que receberam um convite para marcar presença na sessão solene do 25 de Novembro, que vai decorrer esta segunda-feira no parlamento, mas que decidiram recusar.  

“As duas datas não são comparáveis. Logo, do ponto de vista de uma instituição como a Assembleia da República, não pode haver o mesmo tratamento. Não devia haver o mesmo tratamento”, disse Sousa e Castro.  

Para o coronel, “enquanto o 25 de Abril é uma data que comemora, relembra, a revolução do 25 de Abril que derrubou uma ditadura de 48 anos, o outro acontecimento – que foram vários acontecimentos que culminaram no 25 de Novembro – é absolutamente distinto”. 

“Porque esse outro acontecimento apenas pôs termo a algumas derivas de extremos que são inerentes a movimentos revolucionários. Portanto, não há comparação possível”, reforçou, salientando que, enquanto antigo Capitão de Abril, membro do Conselho da Revolução e do Grupo dos Nove, tem “plena consciência” de que as duas datas “não  

Por sua vez, o general Pezarat Correia justificou a recusa por considerar que “o 25 de Novembro que se está ali a comemorar não é o 25 de Novembro” em que ele próprio participou. 

“Sou contrário a esta celebração, como a de todas as datas fraturantes. Fala-se que se pôs um ponto final num confronto, quando do outro lado estavam todos presos ou saíram para o exílio”, afirmou. 

Para Pezarat Correia, “a democracia conseguiu-se não por causa do 25 de Novembro, mas apesar do 25 Novembro”. 

“Logo a seguir, em Abril de 1976, aprovou-se a Constituição revolucionária e as conquistas estavam lá, embora depois disso ela tenha sido adulterada e abandonada por força do processo que se foi seguindo”, afirmou, acrescentando que a Constituição também “foi aprovada não por causa do 25 de Novembro, mas apesar do 25 de Novembro”.