Coerência do Primeiro-Ministro. Procura-se!!

PS e PSD são iguaizinhos e revezam-se no poder. Montaram um sistema leitoral que dificulta enormemente a possibilidade de outros partidos poderem retirar-lhes a vitória em eleições.

Luís Montenegro tem governado tal como António Costa. Ou seja, governa em função daquilo a que a comunicação social dá importância. Nomeadamente, tudo o que é funcionário público que berra e faz greve. Berra? Ora toma lá aumento salarial. Faz greve? Toma lá mais aumentos de salários e progressão na carreira. Depois dos aumentos de salários e progressões na carreira volta a berraria e as greves que lixam a vida a milhões de pessoas. Que fazer? Dá-se mais aumentos e regalias absurdas. Os aumentos, as progressões, as regalias, nunca chegam, querem sempre mais. E o Governo dá mais. Até não haver mais para dar… até que um belo dia… kaput.

O Sector Social e os Cuidados Continuados são uns tansos que não berram nem fazem greves. Mas deviam, certamente que o País parava. Antigamente (sim estou velho), dizia-se “uns comem o bolo e para os outros sobram migalhas”. No caso do nosso sector nem migalhas, literalmente nada. Esta semana termina o prazo legal para fechar os orçamentos das organizações. Aumentos de custos sabemos que são elevados devido ao salário mínimo e a bens e serviços. E salários para quem ganha acima do mínimo? Nem pensar, já basta o resto. Aumento de receita? Aos Cuidados Continuados? Zero. Ao Sector Social (deficiência, infância, idosos)? Zero. À Educação (apoios terapêuticos a crianças com deficiência)? Zero. E decisor político para este aumento de receita? O Governo. Quem decide aumento dos custos? O Governo. O mesmo decisor impõe aumento de custos, mas não aumenta a receita? É justo? Razoável? Equitativo? Não. Mas o que importa? Os Governantes nestes sectores tudo podem, tudo decidem, não temos qualquer hipótese de decidir o que quer que seja. É a democracia a funcionar… Acordos e/ou contratos assinados com o Governo? De nada servem, igualmente. O Governo/Estado é todo-poderoso, pode incumprir à vontade que nada acontece. Connosco, claro. Já com as parcerias público privadas rodoviárias e outros sectores semelhantes como o solar, eólico e outros mais, nem pensar.

Montenegro Governa à Costa. Igualmente sorridente, simpático. A grande diferença, diria, é que Costa por vezes irritava-se a sério e até lhe apetecia bater em velhinhos. Aquelas iras típicas dos ditadores disfarçados de democratas. Afinal o PS é o DDT, independentemente de estar ou não no Governo. Já Montenegro é mais polido. Mas então no que concerne à coerência? Serão diferentes? Não, são iguaizinhos.

Dizia Montenegro no dia 2 de Outubro em que assinou uma “esmola 2024” para o Sector Social que “é um aumento de 3,5% que tinha sido assumido pelo Governo anterior e nós honramos os compromissos mesmo que em nome do Governo anterior”. Não só não foi um aumento (mentira), foi sim um extra para 2024 (aliás tal como nas pensões…). Mas foi um extra para uma parte do Sector Social, pois outra parte ficou a “chuchar no dedo”, que o digam as Creches que em finais de 2024 recebem valores de 2023. E em 2024 já subiram os salários e os custos com bens e serviços. Janeiro de 2025 está à porta e vai tudo subir, e muito, novamente. Mas a receita é de 2023…

Em acréscimo, o Governo anterior, pela mão de Costa, também assumiu o compromisso de aumentar os Cuidados Continuados em 7,8%, mas apenas aumentou 2,4% (em campanha eleitoral e após grande contestação minha, a qual teve eco na comunicação social; sim pois em véspera de eleições não se pode arriscar…). Pelo que pergunto ao Senhor primeiro-ministro Montenegro, onde está a sua coerência e o aumento de 5,4% em falta assumido por Costa?

Importa ainda denunciar, que desgraçadamente estes sectores estão entregues “aos bichos” porque nenhum dos representantes das confederações é capaz de dizer o que eu digo ou de denunciar publicamente esta situação.

Mais do mesmo. PS e PSD são iguaizinhos e revezam-se no poder. Montaram um sistema leitoral que dificulta enormemente a possibilidade de outros partidos poderem retirar-lhes a vitória em eleições. Como a eleição de Presidente da República não tem “sistema eleitoral com regras e esquemas”, é de eleição directa (que grande chatice), vemos políticos e “comentadeiros” televisivos aflitos durante o fim de semana, com a possibilidade de eleger um Presidente que não é político nem faz parte do sistema. Então não é que há sondagens que dão a possibilidade de eleger um militar para Presidente? E que devemos ficar todos a tremer das pernas com a possibilidade; em vez de eleger um Presidente SIC, agora que o Presidente TVI está de saída do cargo? Raio de povo que às vezes é difícil de controlar.

Não admira que os jovens fujam daqui. Ou têm emprego no Estado (cheio de mordomias, regalias e bons salários), ou nalgum privado que ainda resta, ou então fogem daqui para fora. Trabalhar no Sector Social e nos Cuidados Continuados é que não! Cruz credo que a malta não está para passar fome. Como eu os compreendo. Vão, viagem em paz para países decentes e que Deus vos abençoe. Ficar na Venezuela da europa é que não.

Vida dura e sofrida a minha… que isto de trabalhar neste sector e ao mesmo tempo perceber a sujeira do jogo político dá comigo em doido, em dobro.

Presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados e Politólogo