São os EUA atuais uma doença?

O grau de destruição psíquica, social e moral da sociedade americana e por consequência do Ocidente será letal para a nossa civilização.

Os EUA são o país sede daquilo em que se transformou o liberalismo e o progressismo. No plano ideal o mundo deveria ser um conjunto de colónias dos EUA e a Europa o seu franchising gourmet. Mas o que temos de americano no século XXI? O consumismo, o hedonismo frívolo, a cultura transformada em entretenimento, a religião woke, a tirania do eu, a mercantilização de todas as esferas da existência e algo terrível que poderá chegar à Europa.


O número de ataques em massa nos EUA atingem praticamente todos os anos mais de cinco centenas de casos (Gun Violence Archive). Em 2022 morreram perto de 50 mil pessoas devido a ferimentos relacionados com armas de fogo, a média anual é um pouco superior a quarenta mil pessoas, segundo a Everytown For Gun Safety, o que equivale a 111 pessoas por dia. Em 2021, foram registadas 20 920 homicídios, um recorde desde 2017. O Centro Nacional de Estatísticas de Saúde Norte-americano dá-nos os números de mortos por overdose em 2021, mais de 105 mil pessoas, o que se mantém. Mais de 20% dos americanos têm uma ou mais doenças mentais (NIMH).


Ragy Girgis, professor associado de psiquiatria clínica no Departamento de Psiquiatria da Universidade de Colúmbia e no Instituto Psiquiátrico do Estado de Nova York e especialista em doenças mentais graves, com colegas do Centro de Prevenção e Avaliação da Universidade de Colúmbia foram os autores do primeiro relatório, em 2021, sobre tiroteios em massa, usando o Columbia Mass Murder Database (CMMD), que examinou a relação entre doenças mentais graves e assassinatos em massa. A conclusão é devastadora, as pessoas com doenças mentais representam uma proporção muito pequena dos perpetradores de tiroteios em massa nos EUA.

Aproximadamente, só 5% dos tiroteios em massa estão relacionados com doenças mentais graves. A prevalência anual da incidência de assassinato em massa tem aumentado exponencialmente desde 1900, multiplicando-se por 28 a incidência nos últimos anos. A facilidade e uso do porte de arma não é, certamente, a principal causa, faz parte da história dos EUA.


A taxa de suicídio nos jovens norte-americanos entre os 10 e os 24 anos aumentou 62% desde 2007 até 2021, conforme os dados divulgados em 2023 pelo CDC. A taxa de suicídio de adolescentes entre os 10 e 14 anos triplicou entre 2007 e 2018 e a de jovens entre 15 e 19 anos superou a taxa de homicídios em 2020. Como motivo principal é apontado nos jovens o seu vazio moral e a crescente desconexão da realidade gerada pelo tempo que passam nos mundos virtuais e digitais.


A esperança média de vida de um americano atualmente está entre as mais baixas do Ocidente, 16.5% dos americanos vive na pobreza, 20% da população é composta por analfabetos funcionais e 13% não passarão dos 60 anos de vida (segundo o Departamento de censos dos EUA).


O que aconteceu e como pode uma sociedade cada vez mais psicopata querer impor o seu modo de vida ao mundo? O grau de destruição psíquica, social e moral da sociedade americana e por consequência do Ocidente será letal para a nossa civilização já muito danificada. A eleição de Trump poderá ser uma consequência desta insanidade, responsabilidade dos falsários daquilo em que o liberalismo e o progressismo se transformaram, mas também pode bem ser a tentativa desesperada de encontrar uma solução.