A globalização dos hábitos, o entrosamento das economias e a interdependência dos Estados obriga-nos a refletir sobre o futuro global e pessoal.
Quando em 1997 participei na minha primeira Jornada Mundial da Juventude, em Paris, fiquei maravilhado com os polacos… Era um povo lindo… traziam umas vestes brancas tradicionais. Era como se cada um fosse uma espécie de obra de arte…
Volvidos mais de 25 anos, na Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, não encontrei uma única diferença entre polacos, estónios, franceses, ingleses… porque a moda suplantou a tradição… porque a moda produz dinheiro e a tradição poupa-o.
Os hábitos, modas ou preferências alimentares estão cada vez mais globalizadas. A cultura da Coca-Cola ou, como dizia um professor meu de teologia, a ‘cocalização’ da cultura globalizou o que era americano. Há uns anos, visitando Frankfurt desejei provar as verdadeiras salsichas de Frankfurt… andei, no mínimo, uma hora… mas sem sucesso! Encontrei restaurantes de todas as nacionalidades, mas com salsichas de Frankfurt só encontrei um restaurante magrebino e num de Hot Dogs.
Também é melhor não irmos comer aos restaurantes de Lisboa. Vamos encontrar a dita comida gourmet de todas as nacionalidades, vamos até encontrar o típico pastel de bacalhau recheado com queijo da serra, mas encontrar um cozido à portuguesa ou uma feijoada é coisa impossível. Porque também a comida se globalizou e a tradição foi metida em receitas do YouTube. Afinal, mais vale comer um bom McDonald’s do que fazer um cozido à portuguesa.
O que aconteceu no âmbito da comida, aconteceu, também, em todos os âmbitos da nossa vida. Se a comida é toda americana, os materiais que usamos são todos chineses. Aliás, diziam-me há algum tempo que ficava mais barato tirar a cortiça no Alentejo, enviar para a China para ser transformada e depois vender em Portugal, do que mandar transformar aqui…
As coisas estão cada vez menos individualizadas e cada vez mais massivas, cada vez mais dependentes e menos autónomas. A Rússia, sabendo o que iria fazer, pensou em si e preparou todas as sanções que se previa que viessem do Ocidente. Desta forma, deixou de ficar dependente da nossa economia. Os negócios da China, dão jus ao seu nome, e esmagaram a nossa produção. Deslocámos a produção toda para estes países e agora, para refazer o nosso tecido fabril vamos ter de esperar muito tempo.
Vamos ter de trabalhar para descobrirmos o calor de cada um de nós… vamos ter de nos estudar novamente, de descobrir a nossa identidade, as nossas raízes, a nossa história e a nossa cultura. Sem conhecermos as raízes não desenvolveremos, nunca, a árvore da nossa identidade, porque são as raízes que alimentam a seiva que corre nas plantas.
Também a nossa história é a seiva que nos corre na cultura e nos concede uma identidade capaz de gerar homens e mulheres que apostam numa globalização do amor. Porque a maior globalização é, mesmo, a do amor. Porque o amor é a única coisa que terá futuro. Tudo o resto ficará nos nossos ressentimentos!
Estou profundamente apostado em procurar novas formas de globalizar o amor e de incutir nos jovens uma cultura capaz de preocupação pelos demais. E não irei desistir de criar novas formas de aprendizagem, para que nasça uma nova cultura entre nós…
As peças de dominó…
A maior globalização é, mesmo, a do amor. Porque o amor é a única coisa que terá futuro