Para quem é mais jovem e não sabe o que significa, as lojas dos 300 surgiram há uns largos anos e chamavam-se assim pois vendiam tudo a 300 escudos. A qualidade era uma desgraça, mas era tudo barato.
Algo que atualmente se assemelha ao nosso governo no sentido em que corre todos os sectores do Estado a aumentos de 300 euros. Enfermeiros, Polícias, Militares, etc. Espanta-me, pois, que esta semana os Técnicos de Emergência Hospitalar apenas levem 256€ de aumento, ou seja, antes do Natal, o governo já está na fase das grandes promoções pós-natalícias. Quanto à qualidade dos nossos políticos e funcionários públicos, sem comentários… são somente os melhores do mundo, é só ler este artigo que escrevi há 2 anos e ficam com uma melhor ideia.
No sector social (deficiência, idosos, infância, educação) e nos cuidados continuados vamos ter o aumento a que nos obrigam do salário mínimo nacional (SMN) e mais nada, quem ganha acima disso não vai ter sequer aumento de salário. E isto apesar da receita estar congelada, o que desde logo origina um défice que, na pior das hipóteses, pode levar ao encerramento de diversas entidades. É olhar para o que se passa com a Raríssimas e percebe-se a perspetiva.
Já desafiei a malta do nosso sector para umas greves, manifestações, ir para a escadaria do parlamento, lançar uns petardos entre outras coisas. No fundo, apenas imitar os funcionários públicos para ver se também conseguimos que o nosso patrão (que é o mesmo – o Governo) nos aumenta 300€ no salário. Isto, claro está, porque não temos no nosso sector comboios, barcos ou autocarros, entre outras coisas do género (para lixarmos a vida aos que trabalham e pagam impostos para sustentar isto tudo), de forma a paralisarmos a sociedade para ver se comunicação social e Governo nos dão atenção. Cuidamos de vidas humanas, mas pelos vistos não é relevante.
Não deixa de ser curioso que os funcionários públicos, juntamente com a incompetência da classe política, são o maior entrave ao crescimento económico do País. As empresas (empresários e trabalhadores) querem criar uma dinâmica económica que faça enriquecer o País, mas as decisões políticas e o não trabalho da maioria dos funcionários públicos impede esse crescimento económico. E ainda sugam a pouca riqueza que se vai criando, através de aumentos absurdos de salários e mordomias quando quem lhes paga esses salários vive com cada vez menos. Nem o CHEGA tem coragem de afirmar isto, tal é o medo que impera na classe política, como se o País fosse só a Função Pública e não existissem mais votantes.
Portugal parece cada vez mais um verdadeiro manicómio, num emaranhado de leis confusas, que a administração pública e políticos não cumprem, mas exigem às empresas e aos cidadãos, e em que cada funcionário público inventa as suas próprias leis e normas infernizando ainda mais a vida de cidadãos e empresas. Voltarei a este assunto num próximo artigo.
Até lá, despeço-me desejando um Natal que certamente será Feliz para políticos e funcionários públicos (com excepção dos que ganham o SMN). Para os outros desejo o Natal possível e que não lhes falte pelo menos comida na mesa, pois em breve receio que nem isso. Para 2025, desejo longa, perdão, curta vida ao Governo da Função Pública e faço votos para que venham eleições rapidamente e, quem sabe, possamos ter, finalmente, um GOVERNO PARA TODOS OS PORTUGUESES.
Presidente da Associação Nacional de Cuidados Continuados