Trinta mil. 30 mil. 30 mil queixas de violência doméstica durante este ano. Chegámos ao mês de novembro e o tema que está mais desgastado que um papel amarrotado, pisado e deitado ao lixo, tem destaque. Temos destaque nas conversas, nos programas, no entanto, alguns canais mantendo o seu compromisso para com as sobreviventes e não deixando que agressores condenados tenham tempo de antena para se limparem, de muito mais que uma estalada ou um palavrão, estamos a falar de indivíduos condenados pelo crime de violência doméstica com pena suspensa de prisão, e não atenua o facto de serem atores, médicos, ativistas ou advogados! Quando se quer defender vítimas de manhã e convidar agressores no programa da tarde para lhes passar a mão sobre a cabeça, estão automaticamente fora deste combate! Aliás, ganham audiências com as vítimas de manhã e com os agressores de tarde. Deplorável! A violência doméstica é um terrorismo que atinge todos os membros da família visada e continuarei a dizer que ninguém está protegido, a não ser por algumas pessoas que arriscam a cara, o nome e a sua integridade física para dar o peito às balas pelas causas verdadeiramente humanas neste país!
Posso falar do papel absolutamente fundamental das forças de segurança, que muitas vezes socorrem e ajudam as vítimas contra a vontade de alguns senhores juízes que não querem ainda saber que este seja o crime que mais mata em Portugal, talvez porque as estatísticas digam que em mais de 80% dos casos, diga respeito a mulheres, crianças e idosos. Criam-se comissões, criam-se grupos, todos com a mesma maneira de atuar, apostando nas mesmas resoluções que nos dão um número, 25 mulheres mortas das mais horrendas maneiras, fora as crianças órfãs e perpétuas vítimas da violência doméstica. Ficaremos sempre a anos de luz, enquanto acharmos que estas equipas formais e compostas pelas mesmas pessoas uma e outra vez com as mesmas ‘soluções’ que meteram as vítimas no caixão, este ano, são as soluções que vão impedir as do ano seguinte de lá irem parar. Pude ler há cerca de três dias no Notícias ao Minuto que: «Patrícia Barão, indigitada para secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, manifestou-se hoje preocupada com a falta de acesso ao sistema que tiveram as vítimas mortais de violência doméstica, defendendo ‘uma política de proximidade’ para colmatar esta falha».
Tenho muita curiosidade em saber qual será a política de proximidade adotada, visto que as medidas globais são as mesmas… Mais gabinetes GAVA e apostar de forma robusta no tão famoso ‘botão de pânico’.
Começo a pensar que a violência exercida sobre as mulheres e crianças é uma maneira de ‘SERMOS’. Nunca será a minha maneira de ‘SER’. No entanto, contem comigo apenas para soluções inovadoras e mudanças reais que respeitem as mulheres e crianças e as tirem do sufoco de se verem prisioneiras, violadas, agredidas e torturadas dentro das próprias casas ou postas fora de tudo o que possuem e mandadas para o que chamam de casas-abrigo enquanto os agressores se passeiam pelas ruas, impunes como senhores que tanto agridem como estão na televisão porque a vida deles, vale mais que a nossa!
Ativista