A “Revolução Laranja” em curso no martirizado Moçambique é o resultado da disputa pelos recursos africanos entre os EUA, a França, a China e a Rússia. Mais uma.
Claro que os vizinhos também estão envolvidos e os apetites das classes políticas desses países conjugam com os interesses próprios de unidades territoriais sem acesso ao litoral, tal como o Zimbabué, a Zâmbia e o Malawi. É evidente, para mim, que esses países têm muita necessidade de escoar os seus recursos através dum corredor para o mar. E também a Tanzânia teve e tem capacidade de intervenção, seja na política, seja na economia do Norte de Moçambique.
Por último e não menos importante é o desejo de dominação por parte duma classe política sul-africana, contaminada pela influência soviética do passado. Os russos ainda têm na mão a maioria da “nomenclatura” do ANC e a necessidade de combater o dito “Ocidente” é premente.
Moçambique está sob o fogo cruzado de todos estes interesses e ambições.
E o maior perigo é a divisão do país, que está a ser falada, cada vez com mais frequência. As potências sabem que os grandes países, se tiverem estabilidade política e social, crescem economicamente. E as grandes economias não vendem os recursos pelo preço da uva mijona.
Neste ínterim, os poucos amigos que Moçambique tem, são todos tugas.
Senão vejamos: Portugal está entre os dez maiores investidores na Economia de Moçambique. Se qualquer dos outros “amigos” investisse um décimo da percentagem do seu PIB que Portugal aposta, então Moçambique seria o país mais rico de África. E esse investimento é, na sua maioria, transferência de tecnologia e ajuda ao desenvolvimento. No caso dos outros, centra-se na apropriação de recursos, pura e simples.
E agora, em resultado desta nova convulsão que não provocou ou alimentou, Portugal prepara-se para receber e acolher um novo contingente de emigrantes e refugiados moçambicanos.
Qual é o outro país que se dispõe a fazer o mesmo?