SEASTEADING – As cidades do futuro no “Mar Português”

Os arquipélagos dos Açores e da Madeira, com as suas características insulares, poderiam servir como pontos estratégicos para projetos-piloto de seasteading.

O conceito de seasteading está a ganhar cada vez mais atenção global como uma solução inovadora para desafios modernos, como o aumento populacional, a escassez de recursos e as alterações climáticas. Em termos simples, o seasteading consiste em criar cidades habitáveis em estruturas flutuantes no mar, com autonomia política, económica e tecnológica, inspirado nas atuais plataformas petrolíferas, em navios de cruzeiro e em ilhas artificiais.

Mas será esta ideia uma possibilidade para Portugal, um país com uma das maiores zonas económicas exclusivas (ZEE) da Europa?

Portugal, um país com uma ZEE, com cerca de 1,7 milhões de km², oferece condições ideais para liderar este movimento. O seasteading apresenta-se como uma oportunidade estratégica para inovar e explorar o potencial do mar, pois o mar sempre foi parte integrante da identidade portuguesa, aliada à crescente aposta em energias renováveis e nas tecnologias oceânicas.

 Desta forma, são muitos os benefícios do Seasteading no “Mar Português”.  Logo as cidades flutuantes poderiam ser construídas com tecnologia limpa, reduzindo o impacto ambiental. Estas estruturas poderiam gerar a sua própria energia a partir de fontes renováveis, como a energia solar, eólica e das marés. As novas plataformas no oceano podiam diversificar a economia portuguesa através de atividades como: a aquacultura de alta tecnologia, a exportação de biotecnologia marinha e o turismo sustentável no Atlântico. Depois, à medida que o nível do mar sobe, devido às alterações climáticas, o seasteading oferece soluções habitacionais que não estão vulneráveis a inundações, tornando-o uma alternativa viável para zonas costeiras. Por fim, também as cidades flutuantes poderiam servir como centros de inovação tecnológica e científica, atraindo talento internacional para Portugal.

Os arquipélagos dos Açores e da Madeira, com as suas características insulares, poderiam servir como pontos estratégicos para projetos-piloto de seasteading. Contudo, apesar do potencial, há barreiras consideráveis. A regulamentação marítima internacional, dificulta a criação de territórios independentes no mar. Além disso, a aceitação social e política de comunidades autónomas flutuantes é incerta.

No entanto, Portugal tem demonstrado interesse em projetos relacionados com o mar, nomeadamente nas áreas da economia azul, turismo marítimo e proteção ambiental. A colaboração entre o governo, universidades e empresas tecnológicas pode posicionar o país na vanguarda deste movimento, promovendo o desenvolvimento de protótipos e estudos que avaliem a viabilidade económica, ambiental e social do seasteading nas suas águas.

Embora o seasteading ainda seja uma visão de futuro, Portugal tem as condições geográficas, culturais e tecnológicas para explorar esta possibilidade. O país pode desempenhar um papel pioneiro, não apenas no seasteading, mas também no desenvolvimento de novas formas de vida sustentável no mar.

As cidades do futuro podem estar no horizonte e Portugal está perfeitamente posicionado para as abraçar.

Docente da Unidade Politécnica do Instituto Universitário Militar